Na Ericeira não é a Avó mas o neto que confecciona, deixando-a orgulhosa
Do chef ao chefe de sala, a equipa do Restaurante Avó é jovem e dinâmica, fazendo uma cozinha portuguesa renovada mas com sabores tradicionais, típicos das refeições feitas pelas avós.
José Simplício esteve na Casa de São Lourenço, em Manteigas, desceu até ao litoral e passou pela Quinta do Arneiro, perto de Mafra, onde a aposta é na alimentação biológica, e desaguou na Ericeira, onde dominam as marisqueiras e os restaurantes de peixe, mas o que se faz no restaurante Avó é muito diferente. Embora o sabor seja o da cozinha tradicional portuguesa, Simplício apresenta à mesa petiscos e recriações de pratos tradicionais com produtos comprados mesmo ali ao lado, no mercado da vila.
As boas-vindas são dadas por Diogo Marques, que tem acompanhado Simplício no seu percurso. “Olá, eu sou o Diogo”, apresenta-se constantemente, a cada conviva que chega. É importante marcar mesa porque o restaurante enche rapidamente, seja ao almoço ou ao jantar. Embora esteja aberto há praticamente um ano, a passagem do chef e estrela televisiva Gordon Ramsay pela Ericeira teve o seu impacto, reconhece o chefe de sala e sommelier. Ramsay gostou do que provou no Avó e agora muitos querem perceber porquê. Diogo Marques, depois de apresentar a carta e recolher o pedido dá sugestões sobre o que beber e a aposta é nos vinhos da região de Lisboa e Vale do Tejo, embora a carta de vinhos seja abrangente, dos Verdes ao Douro, passando pelo Alentejo.
Quanto ao menu, trata-se de uma carta muito diversificada, numa folha A4 por causa das regras de higiene, mas também porque está sempre a mudar, embora existam já pratos que Simplício sabe que vai manter como a Salada de algas (4 euros), feita com algas apanhadas nas praias da vila piscatória. O menu está dividido entre pratos de peixe e de carne, três de cada, e dois vegetarianos — os preços variam entre os 11 euros (o Frango do campo, legumes assados e puré de batata-doce) e os 16 euros (a Lula fresca, arroz de tomate e verdes de Verão). Não há carne de vaca e todos os pratos apostam nas verduras e legumes — a passagem pela Quinta do Arneiro deixou marcas.
A sugestão de Diogo Marques passa pela “petiscaria”, ou seja, mandar vir o couvert com pães feitos com massa mãe, manteiga artesanal, azeite e queijo (5 euros) e depois vários petiscos para partilhar. Estes são fáceis de dividir por duas pessoas, mas se forem mais, há que mandar vir a dobrar ou a triplicar consoante o número dos que estão sentados à mesa. No dia em que o Fugas passou pelo Avó havia duas sopas, o Gaspacho (4 euros) e o Creme de cenoura e feijão-verde (3 euros), que lembra mesmo a sopa feita pela avó. Depois há Rissóis de porco e coentros (4,50 euros), Broa, sardinha e pimentos (4,50 euros), Carapauzinhos fritos com molho holandês (4,50 euros), Porco e pimentão, polenta de alecrim e berbigão (6,50 euros). Por fim, as sobremesas são sempre uma surpresa, mas o pudim de Abade de Priscos e um pão-de-ló de Alfeizerão são constantes.
José Simplício conta que gosta de chegar cedo ao restaurante para fazer todas as preparações com a sua equipa e depois sai da cozinha e vem à sala com frequência para estar com os clientes, perceber do que gostam, saber o que repetem, ouvir as sugestões. A restauração também se faz desta proximidade em que José Simplício e Diogo Marques estão apostados. E chama-se Avó, claro está, porque Simplício tem uma avó que cozinha como ninguém.