Rússia envia pára-quedistas para a Bielorrússia, para exercícios militares
A divisão Pskov esteve envolvida na anexação da Crimeia e na guerra no Leste da Ucrânia. Militares chegam segunda-feira, quando o Presidente bielorrusso visita Putin em Moscovo. Protestos continuam.
A Rússia vai enviar tropas da divisão Pskov de pára-quedistas para a Bielorrússia para participar em exercícios militares conjuntos já a partir de segunda-feira, anunciou o Ministro da Defesa de Moscovo.
O Presidente Aleksander Lukashenko visita Moscovo na segunda-feira, para formalizar, ao que tudo indica, alguma forma de apoio do seu homólogo russo, Vladimir Putin, para se manter no poder face a uma contestação inédita – em troca, antecipa-se, de uma integração mais profunda, ou de uma maior dependência económica, na Rússia.
A notícia da participação da divisão Pskov nos exercícios militares Irmandade Eslava foi avançada pela agência RIA. Devem decorrer de 14 a 25 de Setembro, adiantou o Ministério da Defesa de Moscovo, que assegurou que os pára-quedistas desta divisão, estacionada numa cidade com esse nome, a cerca de 20 km da fronteira com a Estónia, devem voltar à Rússia quando os exercícios terminarem.
A divisão Pskov traça a sua origem à II Guerra Mundial, mas mais recentemente foi chamada a participar na primeira e segunda guerras da Chechénia, na breve guerra na Geórgia (em Agosto de 2008, quando a república separatista da Ossétia do Sul declarou a sua independência, não reconhecida internacionalmente, e esteve também envolvida na anexação da Crimeia (em 2014) e na guerra no Donbass (o Leste da Ucrânia, pró-russo, separatista), que se iniciou igualmente em 2014, após o levantamento popular que afastou do poder o Presidente Viktor Ianukovich (pró-russo) e que ainda continua.
A contestação ao poder de Aleksander Lukashenko assumiu uma força inédita nos 26 anos que leva no poder, após as eleições presidenciais de 9 de Agosto, consideradas fraudulentas.
Neste momento, os líderes da oposição foram forçados a deixar o país ou estão detidos, apesar de continuar a contestação nas ruas. Um caso paradigmático é o de Maria Kolesnikova, que tudo indica ter sido alvo de uma tentativa de expulsão frustrada para a Ucrânia, e está agora detida, sob “suspeita de incitamento contra a segurança nacional”.
As mulheres, que têm sido um importante motor da contestação popular, com presença constante nas ruas, começaram também a ser presas e alvo de violência, como atestam muitos vídeos colocados na Internet nos últimos dias – as redes sociais são uma importante forma de comunicação, uma vez que muitos jornalistas internacionais têm sido impedidos de trabalhar na Bielorrússia.
Um nova manifestação da oposição está planeada para este domingo e há já pessoas a vir para a rua.