Covid-19 em Portugal: 687 novos casos o 13.º pior dia desde início da pandemia

Este é o maior aumento diário do número de casos desde o dia 16 de Abril, quando se registaram 750 novas infecções.

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Miguel Manso

Portugal registou esta sexta-feira mais três mortes e 687 infecções pelo novo coronavírus, o que corresponde a um aumento de 1,1%. No total, contabilizam-se 1855 óbitos e 62.813 casos confirmados desde o início da pandemia.

Este é o maior aumento diário do número de casos desde o dia 16 de Abril, quando se registaram 750 novas infecções.

Apesar do aumento de novos casos, há menos dois internamentos (404) e três pacientes em unidades nos cuidados intensivos (54).

Contam-se ainda mais 203 recuperados nas últimas 24 horas, num total de 43.644 pessoas desde o início da pandemia.

A região de Lisboa e Vale do Tejo voltou a concentrar a maioria dos novos casos (368 infecções, 54% do total), enquanto o Norte foi responsável por 226 casos, 32% das 687 infecções. Só estas duas áreas concentram 86% do total de novos casos do último dia.

No Algarve foram detectados 15 novos casos (2% dos casos), o Centro conta 60 infecções (9%) e o Alentejo 12 (2%). Nas ilhas, o arquipélago da Madeira registou um caso (0,1%) e os Açores cinco novas infecções (0,7%). 

A taxa de letalidade do vírus cifra-se nos 3%, subindo para 14,6% na população acima dos 70 anos. Nos últimos sete dias, a taxa de incidência foi de 32,6 novos casos por 100 mil habitantes e, nos últimos 14 dias, 55,8 casos por 100 mil habitantes.

Encerrar escolas “só em situações muito extraordinárias” e de “propagação comunitária intensa"

A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, admitiu esta sexta-feira na conferência de imprensa da Direcção-Geral da Saúde (DGS) que é possível recorrer ao encerramento de escolas para limitar o contágio, mas essa é uma solução que se prevê ser muito excepcional. Graça Freitas afirmou que o impacto de fechar uma escola é “muito grande na vida de muita gente”, pelo que a decisão terá de passar por várias entidades, desde locais a nacionais.

“A intenção é que encerrar na totalidade uma escola seja uma excepção. Há mecanismos que vão ser adoptados e estão previstos para que essa escola possa ser encerrada”, disse, notando que será sempre necessário avaliar não só em que circunstâncias é que os casos surgiram, mas como é que a escola está organizada.

“É completamente diferente uma escola que esteja organizada por bolhas ou sectores que não comunicam entre si, e portanto um caso suspeito dá origem a poucos casos secundários. Um caso numa escola, ou quatro, que vivam mais ou menos isolados, não tem o mesmo significado que três ou quatro casos que comuniquem muito com outras pessoas, que passem de sala para sala”, apontou Graça Freitas.

As autoridades de saúde, referiu a directora-geral da Saúde, vão primeiro “tentar ser cirúrgicos no procedimento” e conter o surto numa turma ou sector. “Só em situações muito extraordinárias, com grande circulação de casos infectados dentro de uma escola e com uma propagação comunitária intensa é que é de ponderar o encerramento da escola”.

Já a ministra da Saúde, Marta Temido repetiu a mensagem de que o país está melhor preparado para lidar com o recomeço das aulas do que estava no início da pandemia e salientou que há mecanismos para prevenir ajuntamentos de alunos fora das escolas.

Questionada sobre a preocupação de comerciantes e estabelecimentos de restauração, com limite de quatro pessoas por grupo caso estejam a 300 metros de uma escola, em controlar ajuntamentos de estudantes, a ministra salientou que “este é um momento de responsabilidade individual e colectiva”.

“Compreendo as preocupações que todos possam ter com aquilo que possam ser comportamentos menos adequados ao respeito pelas regras, mas também sei que podemos contar com a sociedade civil para alertar os mais novos, a comunidade escolar, os encarregados de educação quando as regras não forem respeitadas. E depois, como sabem, há mecanismos como a Escola Segura e a intervenção das forças de segurança, que permitem ajudar a controlar essas situações. Estou em crer que estamos num período de adaptação do funcionamento regular das escolas a novas regras, mas temos um quadro normativo que permite dar enquadramento aos riscos eventuais”, afirmou Marta Temido.

Usar máscaras na rua? “Queremos ser precoces mas não queremos tomar medidas desproporcionais"

O uso universal de máscara em espaços públicos voltou a ser tópico de debate esta sexta-feira, depois da Câmara Municipal de Guimarães emitir uma recomendação nesse sentido. Tanto a ministra da Saúde como a directora-geral da Saúde descartaram a medida para já, não descartando a hipótese de a implementar mais tarde.

Marta Temido salientou que o Governo tomou “as medidas necessárias no tempo correcto, que é o tempo da evidência, da consolidação, da ponderação”. “Queremos ser precoces, mas não queremos tomar medidas que sejam desproporcionais”.

Já Graça Freitas informou que a DGS está "a fazer o que fizemos sempre: colher informação junto dos especialistas, colher informação junto da literatura e só depois de haver evidência de mais-valia é que recomendamos. Dito isto, não quer dizer que, em situações específicas, em que se prevê por qualquer motivo um ajuntamento maior de pessoas, não possa vir a ser recomendada. Estamos completamente abertos a utilizar outros métodos”.

Ministra da Saúde lamenta, discorda, mas respeita decisão do Reino Unido

Questionada para comentar sobre a decisão do Reino Unido de voltar a retirar Portugal Continental da lista de corredores seguros de viagem, a ministra da Saúde, Marta Temido, manteve a linha do Governo e discordou da decisão do Governo britânico, apesar de a respeitar.

“É uma decisão de um país soberano com a qual não podemos concordar mas que respeitamos. Temos sempre defendido que a avaliação epidémico que um país para efeitos de viagem deve ser objecto de um tratamento uniforme entre os vários países da União Europeia (UE) ou, no caso do Reino Unido, com um país com o qual temos um conjunto de relações que sugerem essa abordagem. Achamos também que o critério multifactorial é mais adequado do que o critério da incidência de novos casos nos últimos sete dias ou 14 dias. Temos defendido esta posição, estamos em linha com outros países da UE e é isso que vamos continuar a defender”, afirmou Marta Temido.

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