Jordânia detecta primeiros casos de covid-19 no maior campo de refugiados sírios

Zaatari é um dos maiores campos de refugiados do mundo. Já ali viveram 300 mil sírios, hoje são 77 mil.

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Actividade organizada pela OXFAM e pela UNICEF em Zaatari para ensinar as crianças a lavar as mãos, como prevenção da infecção pelo novo coronavírus REUTERS/ Muhammad Hamed

Dois dias depois de ter descoberto os primeiros casos de covid-19 entre os refugiados sírios que vivem em campos no país, a Jordânia confirmou esta quinta-feira os primeiros doentes no maior dos campos de refugiados que abriga, Zaatari, no Norte, a poucos quilómetros da fronteira com a Síria.

Em Zaatari são três os casos positivos – uma síria e dois funcionários jordanos. No campo mais pequeno de Azraq tinham sido detectadas duas pessoas infectadas com o novo coronavírus, dois sírios que tinham feito testes aleatórios.

Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), que gere os campos com as autoridades locais, os refugiados estão isolados e estão a ser localizadas as pessoas com quem estiveram em contacto.

Dos mais de 650 mil sírios que desde 2011 se instalaram na Jordânia, a maioria vive em centros urbanos. Já houve casos do novo coronavírus entre estas pessoas, mas Amã registou-os em conjunto com os outros infectados no país, 2739 casos desde o primeiro infectado, a 2 de Março, numa população de quase dez milhões.

Zaatari foi durante anos o segundo maior campo de refugiados do mundo. Já ali viveram 300 mil sírios, depois foram abrindo campos mais pequenos na Jordânia e hoje são 77 mil.

Desde a revolta que o regime de Bashar al-Assad esmagou até provocar uma guerra civil fugiram das suas casas 12 milhões de sírios (de uma população de 22 milhões), com quase seis milhões tornados refugiados. A maioria continua nos países vizinhos: a Turquia tem 3,6 milhões registados pela ONU e o Líbano abriga mais de um milhão, com 70% destes a viver na pobreza e sem acesso a ajuda coordenada, uma vez que não há campos formais.

Desde Março que a ONU e muitas organizações não-governamentais alertam para os riscos da pandemia entre estas populações. Mas na Jordânia as diferentes autoridades trabalham de perto com as agências internacionais que se ocupam dos refugiados e dificilmente haverá surtos que escapem à detecção.

Muito mais complicada é a situação em algumas zonas da Turquia, junto à fronteira com a Síria, no Líbano ou noutros países onde existem refugiados em menor número. É o caso da Grécia, onde a confirmação dos primeiros casos, nsemana passada, fez explodir as tensões entre as 13 mil pessoas que vivem confinadas desde Março no campo de refugiados de Moria, o maior da Europa. Terão sido essas tensões a estar na origem do incêndio que destruiu o campo da ilha de Lesbos, na noite de terça para quarta-feira.

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