Covid-19: Espanha é o primeiro país da Europa Ocidental a ter mais de meio milhão de infecções
Infectados mais recentes são mais jovens, e por isso o número de mortes e ocupação hospitalar estão ainda muito abaixo do pico de Março-Abril.
Espanha tornou-se o primeiro país da Europa Ocidental a ultrapassar a marca de meio milhão de infecções pelo coronavírus, registando esta segunda-feira 525.549 casos de infecção. Isto enquanto recomeçaram as aulas em escolas em seis regiões do país, com as restantes a começar o ano lectivo nos próximos dez dias.
Apesar do aumento recente de infecções, o número de mortos e de doentes em cuidados intensivos mantém-se comparativamente baixo com o pico de Março/Abril, em que houve muitas vezes dias com mais de 800 mortes. Esta segunda-feira, foram registadas oito mortes (o total desde o início da pandemia é de 29.516 óbitos).
Fernando Simón, director do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências de Saúde, disse que mais de metade dos infectados têm menos de 40 anos e que a maioria dos novos casos de infecção são assintomáticos.
Simón especificou ainda que embora a ocupação hospitalar se mantenha em 7% em todo o país, “é muito desigual entre comunidades: algumas têm 18%, outras 2%”, exemplificou, citado pelo diário El País. No entanto, o importante é que neste momento “todas têm capacidade para responder”, ao contrário do que aconteceu em Março/Abril.
Depois de ter sido um dos países mais afectados no início da pandemia, Espanha controlou a transmissão do vírus com um dos confinamentos mais rigorosos e duros do mundo. O que fez ressurgir tantos casos? Joan Ramon Villalbi, da Sociedade Espanhola de Saúde Pública, recusa explicações baseadas em estereótipos, como a “cultura muito social” ou “tendência para grandes encontros familiares”.
Para o especialista, citado pela Reuters, o fim do confinamento foi apressado e não deu tempo a criar rastreamento eficaz; as diferenças entre regiões no que toca às regras de saúde também foram um factor, assim como a grande densidade populacional também.
Villabi destaca ainda a dependência de trabalhadores mal pagos. “Para os trabalhadores vulneráveis, seja na agricultura, serviço doméstico ou em restaurantes, pode-se-lhes dizer para ficarem em casa duas semanas, mas não é certo que eles possam fazê-lo”, sublinha.
Os políticos têm repetido que não querem um novo confinamento, mas esta segunda-feira o presidente da Câmara de Madrid, José Luis Martínez-Almeida, disse que embora neste momento não haja “risco de confinamento”, esta possibilidade “não pode ser descartada”, cita o jornal El Mundo.
Cerca de um terço dos novos casos e mortes são em Madrid, a região mais atingida pela pandemia, e que nesta segunda-feira impôs novas regras para tentar limitar a propagação do novo coronavírus, como proibir ajuntamentos com mais de dez pessoas se estas não viverem, seja na rua ou num espaço interior, e limitar também o número de pessoas presentes em velórios de 75% para 60% da capacidade das instalações, sendo que o número máximo em funerais ou cremações será de 50 pessoas ao ar livre e 25 em espaços fechados.