NATO pede “resposta internacional” ao envenenamento de Navalny e exige colaboração da Rússia

Jens Stoltenberg denunciou “ataque aos direitos democráticos fundamentais” e exige que responsáveis sejam levados à justiça. Rússia garante disponibildiade para diálogo, mas ainda não tomou medidas.

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Reuters/FRANCOIS LENOIR

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, apelou esta sexta-feira à colaboração da Rússia numa “investigação imparcial” ao envenenamento de Alexei Navalny com o agente de nervos Novichok, liderada pela Organização para a Proibição de Armas Química (OPCW, na sigla em língua inglesa), que está a acompanhar o caso. 

“Qualquer uso de armas químicas mostra um total desrespeito pela vida humana e constitui uma inaceitável violação das normas e regras internacionais”, disse Stoltenberg em conferência de imprensa, depois de uma reunião com os embaixadores da organização.

Descrevendo o envenenamento do principal adversário de Vladimir Putin com Novichok – uma arma química altamente tóxica desenvolvida na União Soviética e proibida pelos tratados internacionais – como um “ataque aos direitos democráticos fundamentais”, o secretário-geral da NATO reforçou a necessidade de uma resposta internacional a Moscovo e disse que os aliados estão a “considerar as implicações”.

“Esta é uma violação flagrante do direito internacional e requer uma resposta internacional”, defendeu Stoltenberg, citado pela Deutsche Welle. “Os responsáveis pelo ataque devem ser responsabilizados e levados à justiça. Vezes sem conta temos visto líderes da oposição e críticos do regime do russo a serem atacados e a verem as suas vidas ameaçadas. Alguns até morreram”, reiterou.

O envenenamento de Navalny, advogado de 44 anos que tem denunciado a corrupção na classe política e na oligarquia russa, tem gerado enorme condenação por parte do Ocidente, sobretudo por parte da Alemanha e do Reino Unido, mas também da União Europeia, enquanto são discutidas as medidas de retaliação a tomar.

Em 2018, após o envenenamento do antigo espião Sergei Sprikal e da sua filha com Novichok, mais de 150 diplomatas russos foram expulsos dos Estados Unidos, da UE, da Ucrânia e de vários Estados-membros da NATO. A Rússia respondeu com a expulsão de 189 diplomatas, a maioria do Reino Unido e dos Estados Unidos.

O chefe da Diplomacia da UE, Josep Borrell, afirmou em comunicado que “o uso de armas químicas é completamente inaceitável em qualquer circunstância” e reforçou que a “UE apela a uma resposta internacional conjunta e reserva-se ao direito de tomar as acções apropriadas, incluindo medidas restritivas”, abrindo a porta à imposição de mais sanções à Rússia. Na quinta-feira, a Comissão Europeia pediu uma investigação “transparente” e “credível” ao Kremlin.

No entanto, do lado de Moscovo, ainda não foram tomadas medidas para dar início a uma investigação ao envenenamento de Navalny, em coma desde 20 de Agosto, depois de se ter sentido mal num aeroporto da Sibéria, depois de beber um chá.

O principal opositor de Vladimir Putin está a ser tratado no Hospital Charité, em Berlim, depois de os médicos russos terem descartado a possibilidade de envenenamento. Por esse motivo, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, garantiu esta sexta-feira que Moscovo deseja dialogar com o Berlim. Contudo, para já, o ministro do Interior russo, Vladimir Kolokoltsev, não vê indícios de qualquer crime, segundo a Interfax.

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