Três meses que abalaram Wuhan

Ai Weiwei montou imagens filmadas no lockdown em Wuhan, para conceber um filme que é acima de tudo um termómetro da sociedade chinesa contemporânea e das suas relações com as instâncias do poder.

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Wuhan foi a cidade chinesa onde se declarou o foco inicial do novo coronavírus, e sujeita, em consequência, a pesadíssimas medidas de contenção. O período de lockdown, que impôs à população um isolamento e um confinamento totais, durou de Janeiro a Abril deste ano. Foi durante estes meses que Ai Weiwei, à distância, orientou uma equipa de vários colaboradores, habitantes de Wuhan, que com métodos clandestinos (telemóveis e pequenas câmaras) começou a colher imagens da vida na cidade durante os apertos do lockdown — nas ruas, nos hospitais, nalgumas casas. Os operadores de Ai Weiwei fizeram-lhe chegar cerca de cinquenta horas de material, registado em todo esse período de três meses. Seleccionando e montando essas imagens, o autor chinês concebeu Coronation (trocadilho entre “coroação” e “nação corona”), filme de pouco menos de duas horas que é um bom testemunho do lockdown em Wuhan, mas mais ainda um interessantíssimo termómetro da sociedade chinesa contemporânea e das suas relações com as instâncias do poder.

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