Residência Montepio justifica 16 óbitos no Porto com média de idade de 90 anos dos utentes
Grupo de lares de luxo diz ter feito tudo para prevenir a propagação do novo coronavírus, garantindo que “não foi possível evitar a situação de contágio na Residência Porto Breiner”. Sublinha que os residentes que morreram tinham outras doenças além da covid-19.
A Residência Montepio justificou esta terça-feira o número de utentes que morreram no surto de covid-19 no lar do Porto — 16 segundo dados oficiais divulgados esta segunda-feira pelo PÚBLICO e que o grupo confirma – com o facto de a média de idades dos utentes ser de 90 anos e de as vítimas terem várias doenças além da covid-19.
A empresa que detém as oito residências de luxo garante, num comunicado, que a taxa de letalidade (que avalia a proporção de infectados que morreram) se ficou na residência do Porto pelos 22%, percentagem que diz ser “considerada baixa, atendendo à média de idade dos residentes – 90 anos”.
Os números disponibilizados ao PÚBLICO pela Administração Regional de Saúde do Norte indicam que o surto infectou 29 utentes e 19 profissionais, tendo provocado a morte em 16 residentes. Tal significa que a taxa de letalidade entre os utentes foi de 55% (16 vítimas mortais entre 29 utentes infectados). Mesmo que se alargasse a análise da taxa de letalidade ao universo global de infectados (incluindo os profissionais) esta seria de 33% e não de 22%.
A Residências Montepio diz ter feito tudo para prevenir a proliferação do novo coronavírus, não tendo conseguido evitar o desfecho que ocorreu. “Apesar de tudo ter sido feito no sentido de prevenir a propagação do vírus e combater a pandemia (…) não foi possível evitar a situação de contágio identificada na Residência Porto Breiner e que resultou no falecimento de 16 residentes, ocorrência que lamentamos profundamente”, afirma a empresa.
O grupo garante que elaborou um plano de contingência para a covid-19, de acordo com as linhas mestras definidas pela Direcção-Geral de Saúde e que este foi “complementado” com medidas específicas no âmbito da higiene, limpeza, desinfecção, gestão de resíduos, distanciamento social, concentração de pessoas e ventilação dos espaços, entre outros aspectos. “Todas estas medidas foram implementadas em articulação permanente com as autoridades de saúde e seguidas por um gabinete de crise especificamente criado para o efeito, que monitoriza e apoia a vivência nas residências Montepio”, afirma-se na nota.
A Residência Montepio do Porto assegura que “garantiu o envio de informações periódicas e actualizadas sobre as situações em causa à direcção clínica do Centro Hospitalar do Porto e à Unidade de Saúde do Porto, garantindo articulação próxima com os diferentes intervenientes no processo”. Diz também que a equipa clínica deste lar de luxo, que integra médicos e enfermeiros, “mantém contactos diários com todos os familiares dos residentes, particularmente com aqueles cujos familiares testaram positivo para a covid-19”.
Sobre os profissionais, a Residência do Porto garante realizar testes para o novo coronavírus “com elevada periodicidade, no sentido da identificação de casos positivos o mais precocemente possível”. E refere que entre os colaboradores infectados sete já se encontram recuperados e seis destes já retomaram funções. “De salientar que nenhum colaborador foi hospitalizado”, lê-se na nota.
O grupo remata dizendo que as medidas de prevenção de contágio “estão a ser continuamente implementadas e reforçadas”.