Exame de Física e Química A: metade dos itens apresentados como “muito acessíveis”

Parecer é da Sociedade Portuguesa de Física. Da parte da Sociedade Portuguesa de Química vem a opinião de que o novo modelo de exames estreado este ano deverá manter-se para alémd a pandemia.

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Na 1.ª fae o exame de Física e Química foi a segunda prova mais concorrida Paulo Pimenta

Metade dos 26 itens do exame de Física e Química A do 11.º ano, realizado nesta terça-feira, foram classificados pela Sociedade Portuguesa de Física como sendo “muito acessíveis”. Esta prova, que estreou a 2.ª fase dos exames nacionais do secundário, tem um total de 26 itens. Segundo a SPF,  dez dos itens têm uma “complexidade média” e nos outros três esta é “elevada”.

Os exames da 2.ª fase realizam-se entre esta terça-feira e o próximo dia 7. Como habitualmente, destinam-se a alunos que reprovaram na prova da 1.ª fase ou queiram melhorar a nota obtida. Mas os alunos que não puderam comparecer aos exames da 1.ª fase por estarem infectados com covid-19 ou de quarentena podem também realizá-los. O exame de Física e Química desta terça-feira foi feito por 6644 alunos.

Para mitigar os efeitos do encerramento das escolas devido à covid-19, a estrutura dos exames deste ano foi alterada, passando estes a estarem divididos entre uma componente cuja cotação conta obrigatoriamente para a nota final e uma parte facultativa da qual só são seleccionados os itens com melhores resultados. Dos oito itens que compõem a parte obrigatória do exame desta terça-feira, dois estão na lista dos “muito acessíveis”, cinco nos de “complexidade média” e um está entre os que apresentam uma “complexidade elevada”, especifica-se no parecer da SPF.

Já o secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Química (SPQ), Adelino Galvão, opta por destacar a “preocupação” patente neste exame em se formular enunciados que testem conhecimentos, capacidades e atitudes e não apenas a simples resolução de exercícios”. É uma opção que já se notava no exame da 1.ª fase, realizado em Julho, e que foi agora “consolidada” nesta prova, acrescenta.

“Tal como já havia salientado no exame de 1ª fase, acho particularmente interessante a utilização de desafios societais na formulação das questões – neste caso, a química da atmosfera, a poluição atmosférica ou a síntese do amoníaco, uma das reacções essenciais para a produção de fertilizantes e que, no futuro, poderá ser utilizada para a geração segura de hidrogénio”, sublinha também o dirigente da SPQ.

Da Sociedade Portuguesa de Física vem um reparo, igual ao que já tinha feito na 1ª fase: “A extensão da prova não é adequada, sendo demasiado extensa, dado existirem itens com grau de complexidade elevado e/ou muito trabalhosos”. Mas, à semelhança do que já acontecera em Julho, “a extensão da prova pode não se revelar demasiado problemática dada a existência de 18 itens dos quais só são cotados os 12 com melhor pontuação”, admite a SPF.

Um modelo para ficar?

Adelino Galvão espera agora que o modelo de exame estreado este ano “perdure para além da pandemia, limando algumas arestas como a obrigatoriedade de as respostas facultativas cobrirem a Física e a Química”. Com o enunciado deste ano, o aluno podia responder a “perguntas só de uma componente sem penalização”, justifica.

Também a Associação de Professores de Matemática já se pronunciou a favor da manutenção do modelo de exames adoptado este ano. E o Ministério da Educação, apesar de ainda não ter feito um anúncio oficial, tem vindo a dar indicações que apontam para que este se mantenha em 2021.

Entre as mudanças operadas este ano devido à pandemia conta-se também o facto de os exames só servirem como prova de ingresso no ensino superior, não contando para a nota final do ensino secundário.

Esta foi uma das razões a que Adelino Galvão atribuiu a subida da média do exame realizado na 1.ª fase: 13,2 valores, mais 3,2 do que se verificou no ano passado. “Os alunos que estão no percentil das piores notas não foram fazer a prova porque ela não era obrigatória”. “As médias sobem porque deixam de estar lá as notas mais baixas”, sublinhou na altura em que foram conhecidas as notas. O exame de Física e Química A da 1.ª fase foi o segundo mais concorrido deste ano (39.444 provas realizadas).

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