Distanciamento de três metros e exercícios individuais: as recomendações para a Educação Física
Orientação do Ministério da Educação e da DGS foi conhecida esta terça-feira. Chuveiros e balneários podem ser utilizados, mas com limite de alunos.
Foram divulgadas esta terça-feira as directrizes do Ministério da Educação e da Direcção-Geral da Saúde (DGS) para as aulas de Educação Física do próximo ano lectivo. A orientação não proíbe a realização de modalidades colectivas, como o futebol, andebol e basquetebol, mas diz que as aulas têm de ser adaptadas às exigências da pandemia. Desse modo, é aconselhado que sejam adoptadas estratégias e metodologias de ensino que “privilegiem o respeito pelo distanciamento físico de pelo menos três metros entre alunos”.
Para que o programa curricular da disciplina não seja descurado, as autoridades de saúde recomendam que sejam desenhadas tarefas individuais, reduzindo a partilha de materiais e objectos. O trabalho em circuito com alunos distribuídos por várias estações é incentivado. Esses grupos devem ter um tamanho reduzido e ser ajustados ao espaço de actividade física. A utilização de espaços ao ar livre é outro dos pontos vincados pelas entidades que realizaram o documento.
“Percebe-se que a higienização dos materiais é um ponto importante neste documento. Os desportos colectivos passam para segundo plano e será dada mais importância à ginástica e outras actividades físicas, o que seria expectável”, afirma Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).
O Ministério e a DGS consideram importante que existam circuitos no acesso aos ginásios e pavilhões, de modo a que os alunos não se cruzem. Os estudantes têm de usar máscara na entrada e saída das instalações, mas não são obrigados a usar este equipamento de protecção durante a actividade física. Também os professores apenas têm de usar máscara fora dos períodos lectivos.
Já Avelino Azevedo, presidente do Conselho Nacional de Profissionais de Educação Física e Desporto (CNAPEF), destaca em declarações ao PÚBLICO o poder de adaptação dos docentes, acreditando que as aulas ocorrerão sem sobressaltos. “Sabemos que o distanciamento [de pelo menos três metros] não será sempre possível, porque a aula não é algo estático, existe movimento. Tenho plena confiança nos professores: quando surgiu a pandemia, houve quem parasse de dar aulas porque sabia que algo estava errado. Neste momento, acredito que os docentes vão iniciar o ano lectivo com precauções extra – que nunca serão demasiadas – e que irão adaptar [as aulas] à realidade. É importante que cada escola, cada professor e cada grupo se adapte às condições de cada escola para que sejam utilizados os espaços e materiais disponíveis”, explica.
Chuveiros e balneários podem ser utilizados
Outra das dúvidas relacionadas com as aulas de Educação Física prendia-se com a utilização dos balneários e dos chuveiros. Apesar de não mencionar especificamente este espaço, as orientações do Ministério da Educação e da DGS remete para a orientação nº 030/2020, que aconselha os praticantes de actividade física a evitarem a utilização de chuveiros. De acordo com a regulamentação actualizada a 20 de Julho, os chuveiros e balneários devem garantir o distanciamento entre os alunos, podendo ser utilizados antes e depois dos períodos lectivos
De modo a minimizar o número de alunos a tomar banho após as aulas, o CNAPEF defende que a disciplina seja transferido para o último bloco horário do dia, de modo a permitir que a maioria dos alunos se possa deslocar até casa para cumprir esta necessidade de higiene. Os que não tiverem tal possibilidade devem poder usufruir destas instalações.
A duas semanas do início das aulas, os professores aguardavam estas orientações com expectativa. Ricardo Silva, professor da disciplina em Rio de Mouro, acreditava – a poucas horas da divulgação deste documento – que Educação Física voltaria e se realizaria em regime presencial. “Tornar a disciplina em algo teórico seria um erro tremendo”, explicou o professor, que já esperava ter de reformular alguns conteúdos lectivos de modo a cumprir as orientações da DGS para a pandemia de covid-19.