Casa de Frank Lloyd Wright em Phoenix vendida por seis milhões de euros
Compradores comprometem-se a restaurar e preservar a moradia que foi projectada em 1952 para o filho do arquitecto.
A Casa David e Gladys Wright, que o arquitecto norte-americano Frank Lloyd Wright (1867-1959) desenhou em 1952 para o seu filho David e a sua nora Gladys nos arredores de Phoenix, no Arizona, foi vendida em Agosto por 7,25 milhões de dólares (mais de seis milhões de euros). A venda foi feita pela Sotheby’s à Benson Botsford LLC, um consórcio do empresário Jim Benson que integra também os arquitectos Bing Hu e Wenchin Shi, em tempos alunos do celebrado autor do Museu Guggenheim de Nova Iorque, na sua Escola de Arquitectura em Taliesin.
O edifício estava disponível há já vários anos no portfolio da Sotheby’s – em 2018, foi mesmo avaliado em quase 13 milhões de dólares –, mas o negócio concretizou-se apenas agora porque os compradores se comprometeram com o restauro e a preservação da propriedade, como vinha sendo exigido pelo anterior proprietário e pela comunidade de arquitectos e de defensores do património daquele que é uma referência maior da arquitectura moderna.
“Tivemos várias ofertas nos últimos anos, mas os interessados queriam sempre demolir a casa para construir outras totalmente novas”, disse Bob Hassett, agente da Sotheby’s International Realty, citado pelo jornal local The Arizona Republic, que noticiou o negócio. “Os proprietários não queriam ter nada a ver com essas propostas, pois desde que compraram a casa em 2012 a sua intenção foi sempre garantir que fosse integralmente preservada como uma obra-prima histórica de Frank Lloyd Wright deveria sê-lo, e sê-lo-á”, acrescentou o agente imobiliário.
Entre as intervenções prometidas pelo novo proprietário está a reposição do tecto original em cobre projectado por Lloyd Wright.
A Casa David e Gladys Wright foi levantada numa propriedade de dois hectares, no bairro de Arcadia, com uma vista espectacular para o Monte Camelback, um cenário monumental na área metropolitana de Phoenix. Tem uma estrutura circular, em espiral, construída em betão, albergando três quatros e um escritório com vistas de 360º para uma envolvente verde. Foi habitada pelo filho e pela nora de Wright até à morte destes, respectivamente em 1997 e 2008, tendo depois sido vendida pelos seus herdeiros em 2012.
Ainda que não integre a lista dos oito edifícios que em 2019 foram classificados pela UNESCO como Património da Humanidade, conjuntamente com as obras da Bauhaus e os edifícios de Le Corbusier, a Casa de Phoenix tem a marca indisfarçável da arquitectura de Frank Lloyd Wright, como o já citado Museu Guggenheim ou as também célebres Casa da Cascata (Fallingwater), na Pensilvânia, e as casas-complexo Taliesin, uma das quais, Taliesin West, também no Arizona, acolheu o arquitecto nas duas últimas décadas da sua vida. Ali criou uma escola de Inverno de Arquitectura que, refere agora o jornal The Guardian, estará em vias de fechar.