Voos da TAP no total da operação no Porto passam de 25% para 3% no 2.º trimestre

O Aeroporto Internacional de Faro registou a maior queda nos movimentos em aeroportos nacionais no segundo trimestre, com menos 97% que no mesmo período do ano passado, segundo a ANAC.

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Reuters/Rafael Marchante

A representatividade da TAP no total dos movimentos do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Porto, caiu para 3%, no segundo trimestre, contra 25% no mesmo período de 2019, passando de segunda para oitava maior companhia, segundo dados da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC).

De acordo com o Boletim Estatístico Trimestral da ANAC, no aeroporto do Porto, a TAP representou apenas 3% dos movimentos registados no período em análise, passando do segundo para oitavo lugar na lista das 10 maiores companhias a operar naquela infra-estrutura, ficando atrás da Federal Express Corporation (18%), Star Air (14%), European Air Transport Leipzig (13%), Ryanair (10%), Swiss International Air Liens (8%), Deutsche Lufthansa (4%) e Luxair (4%).

Também no Aeroporto Humberto Delgado, na Portela, Lisboa, o número de movimentos da TAP no total da operação baixou de 54% no segundo trimestre de 2019, para 15% no mesmo período deste ano, mantendo-se, porém, em primeiro lugar na lista das 10 maiores companhias.

Em segundo lugar, manteve-se a Ryanair com os mesmos 9% também registados entre Abril e Junho de 2019.

No caso do aeroporto de Faro, onde a companhia aérea portuguesa representou 7% do total de movimentos no segundo trimestre de 2019, este ano nem sequer entra na lista das 10 maiores companhias (4.º lugar no mesmo período do ano passado).

No Aeroporto de Ponta Delgada João Paulo II, nos Açores, a transportadora passou de representar 9% dos movimentos no segundo trimestre de 2019, para 6% no mesmo trimestre deste ano, mantendo-se como terceira maior companhia naquele aeroporto, a seguir à SATA Air Açores e à SATA Internacional.

Apenas no Aeroporto Internacional da Madeira Cristiano Ronaldo, no Funchal, aumentou a representatividade da TAP no total dos movimentos no segundo trimestre, passando de 27% para 28%.

No entanto, neste último, a TAP deixou de ser a maior companhia aérea, passando para segundo lugar, a seguir à Swiftair (30%).

O Conselho de Ministros aprovou em 17 de Julho a concessão de um empréstimo de até 1.200 milhões de euros à TAP, em conformidade com a decisão da Comissão Europeia.

Além do empréstimo remunerado a favor do Grupo TAP de 946 milhões, ao qual poderão acrescer 254 milhões, sem que, contudo, o Estado se encontre vinculado à sua disponibilização, as negociações tinham em vista a aquisição, por parte do Estado português, “de participações sociais, de direitos económicos e de uma parte das prestações acessórias da actual accionista da TAP SGPS, Atlantic Gateway, SGPS, Lda.”.

Desta forma, o Estado português passa a deter uma participação social total de 72,5% e os correspondentes direitos económicos na TAP SGPS, pelo montante de 55 milhões de euros.

Faro com maior queda 

Foi o Aeroporto Internacional de Faro que registou a maior queda do número total de movimentos em aeroportos nacionais no segundo trimestre, com menos 97% que no mesmo período do ano passado, segundo a ANAC.

Os dados apontam que, no período em análise, se registou em Portugal uma quebra de tráfego na ordem dos 91% em número de movimentos e de 97,5% em número de passageiros transportados.

O aeroporto de Faro apresentou a maior quebra em número de movimentos (-97%), enquanto o aeroporto de Ponta Delgada registou a menor descida (-80%).

Já quanto ao número de passageiros transportados, menos de 388 mil (tinham sido 15 milhões no mesmo trimestre de 2019), as quebras foram mais homogéneas e superiores a 96% em todos os principais aeroportos nacionais.

A ANAC concluiu também que, no segundo trimestre de 2020, dos cerca de 11 mil movimentos comerciais realizados (contra os 124 mil no período homólogo anterior), apenas 67% corresponderam a movimentos comerciais de passageiros (94% no segundo trimestre de 2019).

Assim, em contexto de restrições à operação impostas pela pandemia de covid-19, verificou-se um aumento dos voos de carga, cujo peso cresceu para 21% (1% no segundo trimestre de 2019).

Por sua vez, a aviação executiva cresceu em representatividade, ainda que em contexto de quebra em termos absolutos, devido à natureza do serviço “personalizado e customizado”, e, por fim, os voos para fins médicos e de assistência cresceram cerca de 40%, face aos valores registados em igual período de 2019.

N0 segmento doméstico, pelo contrário, apresentou um valor “menos dramático”, acrescenta a ANAC, com uma quebra de 77% do número de operações, perante os 94% registados no segmento internacional.

O segmento doméstico representou mesmo 44% do total de voos realizados no período em análise, quando em igual período de 2019 a sua representatividade não excedia os 16%.

“Finalmente, importa acrescentar que as variações em cadeia alcançadas nas operações aéreas deste trimestre –  de 39% em Maio e de 79% em Julho –  parecem evidenciar alguns frutos decorrentes dos esforços do sistema da aviação civil internacional e nacional, esperando-se que os mesmos venham a traduzir uma recuperação do tráfego de passageiros nos trimestres seguintes”, concluiu a ANAC.

As medidas para combater a pandemia paralisaram sectores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 4,9% em 2020, arrastada por uma contracção de 8% nos Estados Unidos, de 10,2% na zona euro e de 5,8% no Japão.

Os efeitos da pandemia já se reflectiram na economia portuguesa no segundo trimestre, com o Produto Interno Bruto (PIB) a cair 16,5% face ao mesmo período de 2019, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).