Começou há cinco anos com um vídeo de música publicado pelo blogger adolescente no YouTube. Agora, o Nexta Live Channel, com mais de dois milhões de subscritores na aplicação de mensagens Telegram, tornou-se uma das principais fontes noticiosas da Bielorrússia, onde uma revolta popular tem como objectivo destituir o Presidente Alexander Lukashenko.
O fundador Stiapan Putsila, agora com 22 anos, nem sequer era nascido quando Lukashenko assumiu o poder em 1994. Agora, o blogger trabalha exilado num escritório no país vizinho, a Polónia, vigiado por polícia à paisana.“Vamos continuar a fazer isto, vamos crescer… e vamos ganhar”, conta Putsila à Reuters.
Os vídeos de manifestações do canal já foram muito partilhados na Bielorrússia e transmitidos por agências internacionais de notícias. O canal é abertamente hostil para com Lukashenko e ajuda a coordenar os protestos. Este e outros novos canais estão a crescer ao usar as plataformas das redes sociais num país onde os media tradicionais são altamente controlados pelas autoridades. Lukashenko levou jornalistas russos para substituir os trabalhadores da televisão estatal que cederam aos protestos contra o que descrevem ter sido ordens para transmitir propaganda. As autoridades bielorrussas têm tentado prender Putsila.
Putsila declara que o canal se está a expandir: “De momento existem cinco pessoas a trabalhar e vai haver pelo menos 10, e isso é só na equipa do Telegram”. Pode demorar algum tempo a destituir Lukashenko, mas a sua retirada é inevitável, diz Putsila, comparando-o aos líderes comunistas derrubados pelo movimento Solidariedade da Polónia nos anos 80.“Lembramo-nos, por exemplo, do movimento Solidariedade da Polónia, que não foi muito rápido. Mas temos a certeza que Lukashenko não vai durar mais do que os próximos cinco anos.”