Médicos que tratam Navalny pedem ajuda a laboratórios militares
Hospital Charité contacta um laboratório das Forças Armadas em Munique e outro britânico, envolvido na identificação do agente Novichock, usado contra o espião Sergei Skripal.
Os médicos do Hospital Charité que estão a tratar o opositor russo Alexei Navalny pediram ajuda “discretamente” a laboratórios especializados em agentes químicos militares para ajudar a descobrir que veneno terá sido usado contra o crítico do Presidente russo, Vladimir Putin.
O hospital de Berlim fez uma comunicação sobre o estado de saúde de Navalny dizendo que os sinais do que quer que o tenha envenenado estão a diminuir e que já não há risco de vida. Mas ainda mantém o coma induzido e não há previsões dos danos que o veneno terá feito no seu organismo.
Segundo a revista alemã Der Spiegel, os médicos do Charité pediram ajuda a um laboratório de farmacologia e toxicologia das Forças Armadas alemãs, em Munique, para ajudar a perceber qual o produto usado. Segundo informações da Spiegel e também do site de investigação Bellingcat, também foi contactado o laboratório britânico de Porton Down, que identificou o veneno Novichok como o agente usado contra o antigo espião Sergei Skripal em 2018 em Salisbury.
Foram ainda inquiridos especialistas búlgaros sobre a morte de um traficante de armas búlgaro que se suspeita ter sido envenenado por agentes dos serviços secretos GRU (considerada a principal agência de espionagem russa a actuar no estrangeiro, a mesma envolvida no ataque contra Skripal).
A chanceler alemã, Angela Merkel, está a seguir de perto o caso e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, disse que o Governo está disposto a impor sanções à Rússia se for provado que agências do Estado russo estão por trás desta acção contra Navalny.
“Vamos agir como no caso do assassínio de Tiergarten”, disse, referindo-se à expulsão de funcionários da embaixada russa em Berlim depois de falta de cooperação das autoridades de Moscovo no assassínio num parque da capital alemã, no Verão passado. O morto era Zelimkhan Khangoshvili, da Geórgia, antigo comandante dos rebeldes tchetchenos.
Navalny, 44 anos, dedicava-se a divulgar casos de corrupção na elite russa, foi impedido de se candidatar a eleições, e detido várias vezes por participar em protestos.
Foi levado para Berlim no sábado depois de intensa pressão diplomática para o retirar do hospital na Sibéria para onde foi levado depois de se sentir mal durante um voo que o levaria de regresso a Moscovo.