Portugal mais exposto à quebra no turismo mas tem rating estável

Moody’s indica que Portugal têm uma percentagem relativamente alta de turistas domésticos face ao total, o que mitiga os riscos da crise.

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Rui Gaudencio

Portugal está entre os países mais expostos à quebra do turismo associada à pandemia de covid-19, de acordo com um relatório divulgado esta sexta-feira pela Moody's, que salvaguarda a estabilidade do rating do país.

Num relatório intitulado “Exposição ao turismo concentrada no sul da Europa, mas os perfis de crédito permanecem resilientes”, a agência de notação financeira Moody's inclui Portugal nas economias mais “afectadas por uma quebra prolongada no turismo” associada à covid-19, juntamente com a Grécia, Malta, Espanha, Chipre, Croácia e Itália.

“Dito isto, nenhum desses países está no top 10 do nosso ranking de países mais expostos ao turismo mundialmente”, pode ler-se no relatório, que indica a Croácia como “primeira em seis dos sete indicadores usados para avaliar a importância económica do turismo”, e a Grécia em segundo.

A Moody's assinala que “os países com uma taxa relativamente alta de turistas internos estão relativamente menos expostos à crise actual”.

“Entre os países onde o turismo é de grande importância económica, a Itália (51%), a Espanha (50%) e Portugal (42%) têm uma percentagem relativamente alta de turistas domésticos face ao total, o que mitiga os riscos globais”, assinala a agência de rating.

A Moody's refere ainda a importância do transporte aéreo e das limitações deste em consequência da pandemia, relembrando que “é um factor particularmente importante para as nações de ilhas de Chipre e Malta, onde 95% dos turistas da União Europeia chegaram de avião em 2018”.

“Para a Grécia, que apenas partilha uma fronteira terrestre na União Europeia com a Bulgária e onde a maioria dos turistas voa directamente para destinos nas ilhas, a percentagem correspondente é 88%. Outros países altamente dependentes nos transportes aéreos são a Bulgária, Espanha, o Reino Unido e Portugal, onde mais de 70% dos turistas da União Europeia chegaram por via aérea em 2018”, pode ler-se no documento divulgado.

A Moody's destaca que, apesar dos riscos, muitos dos países mais expostos “têm fontes de resiliência económica, institucional e orçamental que permitem a estabilidade dos ratings apesar do impacto económico e orçamental da pandemia”, salientando que “Portugal, Chipre e a Croácia até têm perspectivas positivas nos seus ‘ratings'”.

Devido à robustez que os países adquiriam na sequência da crise das dívidas soberanas, a Moody's não alterou os ratings "para nenhum destes países, desde o início da pandemia”.

“E por isso mantivemos as perspectivas positivas para Portugal, Chipre e Croácia”, advoga a agência, referindo que “muitos desses países entraram na pandemia tendo feito reduções muito significativas nos seus défices orçamentais estruturais, o que os posiciona bem para reverter, pelo menos, alguns dos aumentos de dívida relacionados com o coronavírus num prazo adequado”.