Em três décadas, a taxa de sucesso da subida ao monte Evereste duplicou
Investigadores também viram que a taxa de mortalidade dos alpinistas é de 1% desde 1990.
Há quem tenha como ambição subir até ao topo do monte Evereste, a montanha mais alta do mundo. Um estudo publicado agora na revista científica PLOS ONE traz boas notícias: nas últimas três décadas, a taxa de sucesso para escalar o Evereste duplicou, mesmo tendo o número de alpinistas aumentado e lotado mais a chamada “zona de morte” perto do cume. Também se verificou que a taxa de mortalidade dos alpinistas é de 1% desde 1990.
Para este estudo, uma equipa de cientistas da Universidade de Washington e da Universidade da Califórnia (ambas nos Estados Unidos) analisou as taxas de sucesso e de mortalidade dos alpinistas que tinham tido permissão para escalar o Evereste pela primeira vez no período entre 2006 e 2019. Também calcularam as mesmas taxas para o período entre 1990 e 2055.
Concluiu-se que, entre 1990 e 2005, mais de 2200 novos alpinistas subiram o Evereste. Já entre 2006 e 2019 o número aumentou para mais de 3600. Deve realçar-se que não foram analisados anos em que houve fenómenos meteorológicos extremos que levaram ao cancelamento da temporada.
Quando os cientistas compararam os dois períodos temporais, retiraram daí várias conclusões. Primeiro, verificou-se que a taxa de sucesso na subida do Evereste tinha aumentado: se no primeiro período um terço dos alpinistas o conseguia fazer com sucesso, no período mais recente já eram dois terços. Já a taxa de mortalidade não muda desde 1990, estando nos cerca de 1%.
“Os 60 são os novos 40”
Depois, viu-se que os alpinistas com 60 anos que escalaram o Evereste no período mais recente tinham a mesma taxa de sucesso (40%) dos alpinistas de 40 anos do primeiro período. “Os 60 são os novos 40”, frisa-se num comunicado da Universidade de Washington. Os alpinistas com 60 anos do recente período têm a mesma taxa de mortalidade dos alpinistas com 48,5 anos do período mais antigo.
Por fim, concluiu-se que mais mulheres tentaram escalar o Evereste no período entre 2006 e 2019 (foram 14,6%) do que entre 2006 e 2019 (9,1%). Em ambos os períodos, homens e mulheres tiveram taxas de sucesso muito semelhantes.
A equipa atribui o aumento da taxa de sucesso a factores como as melhorias nas previsões meteorológicas, nos equipamentos ou nas rotas.
“O monte Evereste é ainda uma montanha muito perigosa e escalá-la nunca será como andar num parque, porque está acima dos limites do que a maioria das pessoas consegue fazer”, afirma no comunicado Raymond Huey, professor emérito da Universidade de Washington e um dos autores do trabalho. “Infelizmente, as estatísticas de risco divulgadas sobre o Evereste são, frequentemente, imprecisas. Ao analisarmos dados sobre as escaladas, estamos a fornecer informação sobre mudanças no sucesso, ajudando assim os alpinistas a tomar uma decisão informação sobre se devem tentar [escalar] este grande cume.”