Christopher Nolan em marcha atrás
Tenet junta-se a Inception na galeria dos mais aborrecidos filmes de Nolan.
Para filme investido da missão de promover o regresso em massa dos espectadores às salas e assim salvar o Verão dos multiplexes desertificados pela pandemia (salvando-se a si próprio no mesmo passo, porque um orçamento estimado em mais de 300 milhões de dólares precisa mesmo de um regresso em massa), Tenet começa de forma curiosa. A primeira sequência, na Ópera de Kiev, explora justamente o horror e a fragilidade de uma sala de espectáculos cheia de gente à mercê de um grupo de assassinos — está algures entre Hitchcock (há um tiro sincronizado com um toque de címbalos, que se não é citação do Homem que Sabia Demais imita bem) e o fantasma do Bataclan de Paris na noite do concerto dos Eagles of Death Metal. Atendendo às circunstâncias, é uma entrada paradoxal. Mas este paradoxo, involuntário, é mais interessante do que todos os paradoxos deliberados com que Nolan enche o filme.
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