Rússia descarta, para já, enviar ajuda militar para a Bielorrússia

Líderes europeus participam em reunião de emergência do Conselho Europeu, enquanto líder da oposição pede que Bruxelas não reconheça resultado das presidenciais. Minsk confirmou terceira morte causada pela violência policial contra manifestantes.

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Máscaras de Lukashenko e Putin num mercado em São Petersburgo LUSA/ANATOLY MALTSEV

O Kremlin disse nesta quarta-feira que, para já, não vê qualquer necessidade de ajudar a Bielorrússia militarmente, apesar de denunciar uma tentativa de países estrangeiros para interferir nos assuntos internos de Minsk.

“No que diz respeito ao tratado de segurança colectivo e ao estado da união, é verdade que existem várias obrigações de ambos os lados no sentido da ajuda mútua, mas, actualmente, não existe tal necessidade”, afirmou o porta-voz do Governo russo, Dmitri Peskov, acrescentando que esta visão também é partilhada em Minsk.

Também o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, segundo a Reuters, disse que não existe necessidade de mediação externa na Bielorrússia, uma oferta feito pela Polónia e pela Lituânia, e acusou os Estados-membros da UE de agirem motivados por questões geopolíticas, recordando a revolução na Praça Maidan, em Kiev, na Ucrânia, em 2014, que levou à queda de Viktor Yanukovich.

Citado pela agência TASS, Lavrov, no entanto, desafiou a UE a fazer uma proposta de medição directamente a Aleksander Lukashenko e não “através de microfones”.

“Quando falam sobre mediação, como ouvimos por parte da Lituânia ou da Polónia, e quando se diz que a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) deve actuar enquanto mediadora, apelo a todos os que apresentam essas ideias que o façam directamente aos bielorrussos e à liderança bielorrussa em primeiro lugar, não através do microfone”, disse Lavrov, citado pela mesma agência de notícias russa.

Horas antes da reunião extraordinária do Conselho Europeu desta quarta-feira, em que as eleições do último dia 9 de Agosto, consideradas fraudulentas por várias capitais europeias e pela oposição bielorrussa, e a violência contra manifestantes pacíficos que se seguiu está em cima da mesa, Svetlana Tikhanouskaia, líder da oposição exilada na Lituânia, apelou a que os líderes europeus não reconheçam o resultado das presidenciais.

“As eleições de 9 de Agosto não foram justas nem transparentes. Os resultados foram falsificados. As pessoas, que foram defender os seus votos nas ruas das suas cidades por toda a Bielorrússia, foram brutalmente espancadas, presas e torturadas pelo regime que se apega desesperadamente ao poder”, afirmou Tikhanouskaia, num vídeo publicado esta quarta-feira.

“Peço que não reconheçam estas eleições fraudulentas. Lukashenko perdeu toda a legitimidade aos olhos de nossa nação e do mundo”, rematou.

Antes da reunião, o Grupo de Visegrado - composto por Polónia, Hungria, República Checa e Eslováquia - pediu, num comunicado conjunto, uma solução política para a Bielorrússia, assente no respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais e sem violência contra manifestantes pacíficos. Josep Borrell, chefe da Diplomacia da UE, disse que os 27 Estados-membros pretendem a sua “condenação e rejeição do regime de Lukashenko” que “não tem legitimidade democrática”. 

Esta quarta-feira, as autoridades bielorrussos confirmaram a terceira morte na sequência dos protestos. Gennady Shutov, de 43 anos, morreu num hospital militar em Minsk, depois de ter sofrido um ferimento na cabeça durante uma manifestação na cidade de Brest, a 11 de Agosto. 

Segundo a agência de notícias bielorrussa Belta, Lukashenko deu ordens esta quarta-feira ao seu ministro do Interior para pôr fim aos distúrbios em Minsk e garantiu que os serviços de inteligência continuam a tentar identificar os responsáveis pela convocação dos protestos que, há 11 dias consecutivos, pedem a sua saída do poder, a maior contestação que o líder que o Presidente bielorrusso enfrenta desde que assumiu o poder há 26 anos.

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