Custo do trabalho aumenta 13,5% no segundo trimestre

Layoff alterou conjugação “normal” entre aumento do custo médio por trabalhador e as horas efectivamente trabalhadas no período de Abril a Junho, entre confinamento e reinício de alguma actividade económica

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Miguel Manso

O Índice do Custo do Trabalho (ICT) aumentou 13,5% entre Abril e Junho, em termos homólogos, acelerando “significativamente” face ao trimestre anterior devido à “forte redução” nas horas trabalhadas na sequência do layoff simplificado, divulgou hoje o INE.

“Esta evolução resultou da conjugação do decréscimo de 0,7% no custo médio por trabalhador com a redução de 12,2% no número de horas efectivamente trabalhadas por trabalhador”, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE), segundo o qual “o decréscimo desta última componente foi transversal a todas as actividades económicas analisadas, em linha com resultados divulgados recentemente no âmbito das Estatísticas do Emprego”.

No trimestre anterior, a variação homóloga do ICT tinha já acelerado para 7,7% (valor revisto face aos 6,5% estimados a 21 de Maio passado).

Segundo o INE, no segundo trimestre de 2020 os custos salariais aumentaram 15,2% e os “outros custos” do trabalho aumentaram 5,4%, tendo estas variações sido “significativamente mais acentuadas” que as observadas no trimestre anterior (7,7%, 7,6% e 8,1%, respectivamente), com excepção para os “outros custos”.

“Esta aceleração resultou sobretudo da forte redução das horas efectivamente trabalhadas por trabalhador no segundo trimestre de 2020, acentuando o decréscimo já observado no trimestre precedente”, explica o instituto, precisando que o número de horas efectivamente trabalhadas por trabalhador diminuiu 12,2% (face aos -3,9% no trimestre anterior) e o custo médio por trabalhador diminuiu 0,7% (mais 3,4% no trimestre anterior).

De acordo com o INE, “a redução das horas trabalhadas foi fortemente influenciada pela implementação do regime de layoff simplificado”, sendo as variações do custo total e dos custos salariais superiores às dos outros custos “devido à diminuição ou isenção do pagamento de contribuições sociais das empresas que aderiram a este instrumento (e que estão incluídas na componente ‘outros custos’)”.

“O aumento dos custos salariais (custo médio horário) é explicado pelo efeito conjugado do acréscimo dos custos médios por trabalhador e do decréscimo acentuado das horas efectivamente trabalhadas por trabalhador”, refere.

Com excepção das actividades das secções ligadas ao sector industrial, os custos salariais (custo médio por trabalhador) aumentaram, essencialmente devido a aumentos no salário base e no subsídio de férias.

Já o aumento observado nos “outros custos” (custo médio horário) resultou do decréscimo dos custos médios por trabalhador (devido à diminuição ou isenção do pagamento das contribuições patronais das empresas) e das horas efectivamente trabalhadas por trabalhador.

Comparando a variação do ICT português com o do conjunto da União Europeia, verifica-se que o aumento homólogo de 7,7% registado em Portugal no primeiro trimestre (período a que reportam os dados mais recentes disponíveis relativamente a cada Estado-membro) foi superior à média de 3,7% dos países da União.

O ICT é um indicador de curto prazo que pretende medir a evolução trimestral dos custos do trabalho por hora efectivamente trabalhada (custo médio horário) suportados pela entidade empregadora.

O índice é calculado dividindo o custo médio por trabalhador pelo número de horas efectivamente trabalhadas por trabalhador.

Por esta razão, a evolução destas duas variáveis (custos do trabalho e horas trabalhadas) concorrem para explicar a sua evolução, justifica o INE.