Cientistas do Centro Champalimaud estudam acasalamento em moscas para perceber funcionamento do cérebro

O grande objectivo do estudo é compreender como é que o cérebro está na origem de comportamentos, neste caso ligados ao cortejamento e acasalamento.

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A experiência decorreu em moscas-da-fruta, um modelo animal muito vulgar em qualquer laboratório científico Maria Luísa Vasconcelos/Cecília Mezzera/Centro Champalimaud

Cientistas do Centro Champalimaud descobriram a forma como se desencadeia a transição do cortejamento para o acasalamento na mosca-da-fruta, o que é mais um passo para perceber como é que o cérebro produz comportamento.

A investigação, publicada esta quinta-feira na revista científica Current Biology, foi liderada por Maria Luísa Vasconcelos e por Cecília Mezzera e serviu para estudar como é que essa transição do cortejamento para o acasalamento é processada pelo cérebro.

Com o grande objectivo de estudar o cérebro e como ele produz comportamento, os cientistas examinaram o processo de sedução e acasalamento das moscas e o papel do ovipositor, uma membrana tubular saliente temporariamente na ponta do abdómen da fêmea (que também permite a deposição de ovos).

Os cientistas não são unânimes quanto ao papel do ovipositor, com uns a defenderem que prenuncia o acasalamento e outros a considerarem que serve para repelir o macho que corteja a fêmea.

Servindo-se de câmaras, a equipa do centro de ciência da Fundação Champalimaud estudou todo o processo desde o início, quando o macho canta e persegue a fêmea, e descobriu que o ovipositor que a fêmea faz aparecer tem um papel crucial na transição do cortejamento para o acasalamento, e que ele pode estar totalmente para fora ou só parcialmente. A equipa identificou um par de neurónios específicos no cérebro da fêmea que controla a extrusão do ovipositor.

Segundo um comunicado sobre a investigação, o conjunto de resultados do processo revela uma sequência de passos, na comunicação macho-fêmea.

“Os nossos resultados esclarecem a forma como se passa a transição do cortejamento para a cópula. O que é fundamental para estudar como esta mudança radical de comportamento – da apetência para consumação sexual – é processada pelo cérebro. Quanto melhor percebermos como isso funciona, mais perto estaremos de responder à pergunta que todos fazemos: como é que o cérebro produz comportamento?”, disse Cecília Mezzera, citada no comunicado.