Svetlana Tikhanouskaia, líder da oposição na Bielorrússia, foge para a Lituânia
Segunda noite de protestos no país causou um morto e dezenas de feridos. Tikhanouskaia juntou-se aos filhos, que fugiram para a Lituânia antes das eleições, depois de contestar os resultados das presidenciais de domingo.
Svetlana Tikhanouskaia, a candidata da oposição que desafiou Aleksander Lukashenko nas eleições do passado domingo, na Bielorrússia, fugiu para a Lituânia, onde se juntou aos seus filhos, que já tinham abandonado Minsk antes das presidenciais.
O anúncio foi feito no Twitter pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, Linas Linkevicius: “Svetlana Tikhanouskaia está em segurança. Está na Lituânia.”
Svetlana #Tikhanovskaya is safe. She is in #Lithuania. pic.twitter.com/6f9U2meoX0
— Linas Linkevicius (@LinkeviciusL) August 11, 2020
A saída de Tikhanouskaia, uma antiga professora de inglês que se tornou na improvável adversária de Lukashenko, que governa a Bielorrússia há mais de um quarto de século, surge depois de a candidata da oposição ter rejeitado reconhecer os resultados de domingo, que deram 80% dos votos ao actual Presidente.
A equipa eleitoral de Tikhanouskaia contestou os resultados junto da comissão eleitoral bielorussa, denunciando irregularidades em muitas assembleias de voto, e pediu uma transição pacífica de poder, garantindo que a maioria do povo está contra Lukashenko.
Na véspera do dia das eleições, por segurança, a candidata da oposição escondeu-se e apenas apareceu para votar, temendo pela sua segurança, depois de vários membros da sua equipa terem sido detidos pelas autoridades. Semanas antes, familiares de opositores do regime, incluindo os filhos de Tikhanouskaia, fugiram do país. O marido de Svetlana, o youtuber Sergei Tikhanouski, está preso.
A fuga da candidata da oposição surge após a segunda noite de protestos na Bielorrússia. Segundo a Reuters, pelo menos uma pessoa morreu e dezenas ficaram feridas na sequência de protestos em várias cidades da Bielorrússia.
Tal como na madrugada de domingo para segunda, quando a polícia fez mais de 3000 detenções e dezenas de manifestantes ficaram feridos, na noite de segunda-feira as autoridades utilizaram balas de borracha, granadas atordoantes e gás lacrimogéneo contra os manifestantes, que responderam com o arremesso de cocktails molotov e construíram barricadas nas ruas.
Lukashenko, pela primeira a enfrentar uma oposição séria ao seu poder, disse que os protestos estão a ser orquestrados por forças estrangeiras e garantiu que não vai permitir uma revolução no país. No Ocidente, a União Europeia pediu a libertação dos manifestantes detidos e a divulgação dos resultados transparentes da eleição de domingo. Já os Estados Unidos, pela voz do secretário de Estado Mike Pompeo, afirmaram que as eleições “não foram livres e justas” e condenaram a “violência em curso contra manifestantes e as detenções dos apoiantes da oposição”.