Anda um serial killer pela Europa
Não há tensão que resista a tamanha falta de jeito.
O bósnio Danis Tanovic nunca mais se endireitou desde que o Óscar de melhor filme estrangeiro lhe caiu nas mãos, há quase vinte anos, pelo estimável No Man’s Land. Partiu daí para uma carreira errática e desenraizada, de que estes Postais Mortíferos são o último capítulo. O “desenraizamento”, num filme que se passa entre os EUA e várias cidades europeias (Londres, Munique, Estocolmo), até acaba por ser o factor mais curioso de Postais Mortíferos, a que nem falta uma referência, num plano e num diálogo completamente a martelo, à crise dos refugiados. Referência que fica pendurada, porque nada no filme tem minimamente a ver com isso: adaptação de um romance policial sueco, com uma intriga que reflecte bem a frieza misantrópica e castigadora que tem feito o sucesso da literatura policial nórdica, o seu assunto é a enésima variação sobre a caça a um serial killer (ou a um casal de serial killers), e sobre o assassínio enquanto performance ou “instalação” artística (e para que o espectador não perca a ideia, o filme traz incorporadas todas as referências museológicas necessárias à sua compreensão).
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