Pandemia fez desaparecer 183 mil empregos até Maio

Crise provocada pela covid-19 diminuiu o número de empregos e aumentou o número de pessoas classificadas como inactivas. Layoff simplificado evita que tendência negativa seja maior.

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Rita Franca

Mesmo com a medida do layoff simplificado a segurar muitos postos de trabalho, a economia portuguesa perdeu, entre os meses de Fevereiro e de Maio, cerca de 183 mil empregos, uma consequência já antecipada da recessão trazida pela pandemia. Ainda assim, o INE dá sinais, ainda por confirmar, de uma ligeira recuperação em Junho.

De acordo com os dados do inquérito mensal relativo ao mercado de trabalho publicados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), enquanto em Fevereiro, antes da pandemia, existiam 4,8 milhões de pessoas empregadas em Portugal, em Junho este valor já teria descido para pouco mais de 4,65 milhões, tendo-se perdido 183 mil empregos no espaço de apenas três meses.

A taxa de desemprego, por seu lado, até desceu, de 6,3% em Fevereiro para 5,9% em Maio. No entanto, nesta fase, reconhece o próprio INE, este indicador é ainda pouco representativo daquilo que está a acontecer efectivamente no mercado de trabalho, já que uma parte das pessoas sem emprego deixou de procurar emprego activamente, uma das condições para que sejam classificadas pelo INE como desempregadas. Nesse caso, passam a ser classificadas como inactivas. É por isso que a taxa de inactividade subiu de 33,5% em Fevereiro para 36,4% em Maio.

Um indicador também relevante é a chamada “taxa de subutilização de trabalho”, um conceito mais alargado de desemprego, que inclui o trabalho parcial indesejado e as pessoas desencorajadas a procurar emprego. Esta taxa subiu de 12,4% em Fevereiro para 14,6% em Junho.

Os dados mensais são calculados através da média de três meses. Isto é, os dados de Maio utilizam dados dos inquéritos realizados em Abril, Maio e Junho.

O INE publicou também dados referentes ao mês de Junho (inquéritos de Maio, Junho e Julho), mas estes têm ainda um carácter provisório, podendo vir a ser sujeitos a revisão pelo INE dentro de um mês.

De qualquer modo, os números apresentados apontam para a existência de uma muito ligeira recuperação no mercado de trabalho, num mês que marca em muitos locais o início da temporada do Verão. Em Junho, os dados provisórios do INE apontam para a criação face a Maio de 2600 empregos (o que ainda significa ainda uma perda de um pouco mais de 180 mil empregos face a Fevereiro).

Curiosamente, o INE aponta em Junho para uma subida muito acentuada da taxa de desemprego, passando para os 7%, quando em Maio está apenas nos 5,9%. Isto quer dizer que uma parte das pessoas que eram classificadas como inactivas terão começado a passar para a categoria de desempregadas em Junho, à medida que recomeçaram a procurar emprego. A taxa de inactividade diminui de 36,4% em Maio para 35,6% em Junho, dado ainda provisório.

Já a taxa de subutilização do trabalho continua a sua trajectória ascendente, de 14,6% em Maio para 15,4% em Junho.

A utilização por milhares de empresas do apoio público previsto na medida do layoff simplificado tem evitado que a deterioração dos indicadores do mercado de trabalho sejam maiores no decorrer desta crise, já que a metodologia estatística utilizada faz com que as pessoas em layoff, mesmo não trabalhando, não sejam classificadas como desempregadas ou inactivas, já que mantêm um vínculo de trabalho e uma remuneração.

Dados relativos ao número de empregados corrigidos às 13h55

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