Três “lutas” num só dia: é assim a última jornada da I Liga

Neste sábado luta-se por um lugar nas competições europeias, mas também por uma forma de entrar nessas provas de forma mais confortável. E há ainda a disputa pela permanência na I Liga.

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Pizzi e Acuña em duelo num derby LUSA/MÁRIO CRUZ

Na parte de cima da tabela, estarão em causa idas à Liga Europa: Sporting e Sp. Braga, respectivamente frente a Benfica e FC Porto, lutam por um “voo directo” para a fase de grupos, enquanto Famalicão e Rio Ave lutam por um voo com “escalas”, para a pré-eliminatória.

Na parte inferior do quadro da I Liga, três equipas estarão a lutar por dois lugares na I Liga 2020/21, escapando à descida de divisão. O Tondela é o mais confortável, o Vitória de Setúbal só depende de si e o Portimonense, em desvantagem, precisa de “ajuda externa” — leia-se “escorregadelas” de pelo menos um dos rivais.

Luta entre os “grandes”

É ironia do calendário que o destino de Sporting e Sp. Braga esteja dependente dos jogos frente a Benfica e FC Porto — os lugares cimeiros da tabela serão decididos de forma directa entre os quatro principais clubes portugueses.

Neste sábado, às 21h15, no Estádio da Luz, em Lisboa, e no Municipal de Braga, no Minho, estará em jogo, entre estes dois campos, o terceiro lugar da I Liga.

Essa classificação poderá ser uma posição de força entre o Sporting e o Sp. Braga — os minhotos querem, há alguns anos, cimentar-se como equipa superior aos “leões —, mas, descontando este lado simbólico, há algo mais importante em jogo: o apuramento directo para a fase de grupos da Liga Europa.

Trata-se de um terceiro lugar que permite, por um lado, ter a vaga garantida na fase “a sério” da Liga Europa, e, por outro, planear com maior tranquilidade a temporada 2020/21 — quem entra na terceira pré-eliminatória começará necessariamente mais cedo os jogos e tem de apressar a constituição do plantel e o início da pré-temporada. E correrá, naturalmente, os riscos inerentes a jogar uma eliminatória numa fase inicial da preparação.

Em matéria de resultados possíveis, as contas são relativamente fáceis: o Sp. Braga precisa de vencer o FC Porto e esperar que o Sporting perca com o Benfica.

Ainda assim, caso o Sp. Braga espere que um FC Porto já campeão seja um osso mais fácil de roer, então pelo menos da parte de Sérgio Conceição poderá tirar essa ideia da cabeça. “O Sp. Braga precisa de ganhar para sonhar com o terceiro lugar, mas isso não nos diz respeito. Temos a pressão de representar um clube histórico e o compromisso de dar o máximo e chegar aos três pontos”, disparou, na antevisão da partida. O treinador portista espera apenas “mais um jogo, contra uma equipa que tem tido excelentes prestações”, avisando que o facto de se apresentar em Braga com o título de campeão na mão “não muda absolutamente nada”.

Do lado contrário, Artur Jorge pede um Sp. Braga “agressivo, a compreender os pontos fortes do adversário e ser coeso defensivamente”.”Temos de ser dinâmicos e imprevisíveis. O FC Porto tem muita qualidade, mas nós também temos”, acrescentou o técnico de 48 anos, interino no clube minhoto — que ainda não tem, nesta fase, treinador confirmado para 2020/21.

Mais a Sul, em Lisboa, há derby entre Benfica e Sporting. O jogo não terá a pompa habitual, sem adeptos nas bancadas, nem a “chama” desportiva — o Benfica já pouco quer deste jogo —, mas não deixará de ser um jogo frente ao eterno rival. E nenhum benfiquista enjeitaria a possibilidade de não entregar ao Sporting o último objectivo “leonino” desta época.

Nélson Veríssimo garante que a equipa tem de lutar sempre por vencer e reforçou, sobre o derby, que é um jogo “com outra dimensão”. Sobre defrontar Rúben Amorim, que já venceu na Luz pelo Sp. Braga, “não há contas a ajustar”. “Normalmente, quando há ajuste de contas, as coisas não correm muito bem”, explicou o técnico do Benfica.

Já Rúben Amorim, que soma seis vitórias, três empates e uma derrota desde que chegou ao Sporting, garantiu que a equipa “leonina” “vai à Luz para vencer” e recusou encontrar uma equipa “encarnada” mais fraca e relaxada pela falta de objectivos no campeonato.

“Prevejo um Benfica de qualidade e a jogar sem a pressão de há uns tempos — isso pode ajudá-los. E no plantel todos querem jogar a final da Taça de Portugal, por isso vão fazer tudo para estarem presentes. E vão jogar contra o Sporting, que é sempre um jogo especial”, detalhou.

Rio Ave precisa de “ajuda”

Logo abaixo, Famalicão e Rio Ave terão, também, um lugar na Liga Europa para disputar. Tal acontece porque o vencedor da Taça de Portugal tem direito a ir para esta prova. Considerando que os finalistas, FC Porto e Benfica, irão à Champions pela via do campeonato, então a vaga na Liga Europa é atribuída não pela Taça, mas sim num lugar adicional via campeonato. Isto equivale a dizer que, ao contrário do que seria suposto, o quinto classificado vai às competições europeias.

Por agora, essa equipa é o Famalicão, com 53 pontos. Se vencerem o Marítimo, ninguém tirará aos minhotos o direito a conseguirem acesso às competições europeias logo no ano em que subiram à I Liga.

Caso o Famalicão, de João Pedro Sousa, não vença o Marítimo, então abre-se uma janela de oportunidade para o Rio Ave de Carlos Carvalhal, que está apenas um ponto abaixo no campeonato e joga no Estádio do Bessa, frente ao Boavista.

Em suma: o Rio Ave precisa de vencer e esperar que o Famalicão empata ou perca.

Tondela até pode perder

Nas profundezas da tabela do campeonato há um Desportivo das Aves já despromovido à II Liga e uma outra vaga, indesejada, por atribuir a mais uma equipa. Para já, essa equipa é o Portimonense. Mas isso pode mudar com relativa facilidade.

Os algarvios estão um ponto abaixo do V. Setúbal e três pontos abaixo do Tondela. Ora: o Portimonense jogará frente ao Desp. Aves, nesta última ronda, algo que deverá trazer um triunfo — seja porque o Desp. Aves não vá a jogo (cenário improvável, neste momento), seja porque, mesmo indo ao relvado, poucas condições competitivas terá para fazer frente a um Portimonense sedento de pontos.

E este provável triunfo algarvio deixa o Portimonense com 33 pontos e a pressionar V. Setúbal e Tondela. Se aos beirões apenas basta um empate frente ao Moreirense para ficarem a salvo, aos sadinos pode faltar algo mais.

A equipa recebe o Belenenses SAD no Bonfim, sabendo que um triunfo a deixa na I Liga, mas que um empate, caso o Portimonense vença o Desp. Aves — desportiva ou administrativamente — os fará descer à II Liga. Ou seja: o Portimonense precisará sempre de fazer um resultado melhor do que o Tondela, frente ao Moreirense, ou o V. Setúbal, frente ao Belenenses SAD.

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