Sindicato denuncia “gritante” falta de condições de trabalho na arqueologia
Sindicato do Trabalhadores de Arqueologia alega que muitos dos “problemas de higiene e segurança” antecedem a pandemia e exige uma Autoridade para as Condições do Trabalho “forte e verdadeiramente inspectiva”.
O Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia (STARQ) alertou esta sexta-feira, 24 de Julho, para a “gritante” falta de condições de trabalho que se agravou devido à pandemia e que não permite aos arqueólogos exercerem a sua profissão “com segurança, dignidade e autonomia”.
Em comunicado, o STARQ aponta para vários “problemas de higiene e segurança” que alega antecederem a covid-19, como “paredes de edifícios de sondagens pouco seguras”, a “falta de sanitários ou mesmo lavatórios” e o “risco de hipotermia ou insolação”. “A gritante falta de condições de trabalho, que não permite exercer a profissão – criadora de riqueza cultural, histórica e científica – com segurança, dignidade e autonomia, agudizou-se com o surgimento da pandemia”, pode ler-se na nota, divulgada no Dia Internacional dos Arqueólogos.
A estrutura sindical afirma ser positiva a divulgação das normas da Direcção-Geral da Saúde para a construção civil, ligada à actividade dos arqueólogos, por constituírem “o mínimo exigível para a prevenção da infecção” pelo novo coronavírus, mas pediu fiscalização tanto na sua “implementação” como no “cumprimento”. O STARQ exige igualmente uma Autoridade para as Condições do Trabalho “activa, forte e verdadeiramente inspectiva”.
O sindicato divulgou ainda os resultados de um inquérito promovido durante o mês de Maio junto da comunidade de trabalhadores de arqueologia, onde 44% dos inquiridos disseram considerar que não são cumpridas as normas de higiene e segurança no trabalho. O questionário revela que 32% dos trabalhadores que responderam ao estudo sentiram uma “diminuição dos seus rendimentos”, e 70% dizem ter uma “relação laboral precária”. O inquérito online obteve 185 respostas.
Para o STARQ, a arqueologia está hoje “extremamente dependente” das dinâmicas da construção civil, situação que é “prejudicial para os profissionais da área, mas, igualmente, para a valorização e o conhecimento do património”.