Ministra não garante que vacina contra covid-19 seja incluída no Plano Nacional de Vacinação
Negociação do Orçamento do Estado para 2021 poderá ser “o mais difícil”, disse ministra da Saúde em entrevista à TSF. Os centros de saúde e os cuidados continuados vão ser reforçados.
Os países da União Europeia (UE) estão a tentar ter “um posicionamento alinhado” para a compra de uma eventual vacina para o novo coronavírus, até “já se fala de valores”, mas ainda é cedo para prever quanto vai custar, disse esta sexta-feira a ministra da Saúde, Marta Temido, numa entrevista à TSF em que admitiu que o Orçamento do Estado para 2021 pode ser “o mais difícil” na negociação de verbas entre ministérios.
A governante não conseguiu também dizer se, caso surja uma vacina, esta será incluída no Plano Nacional de Vacinação. “Há muitas zonas que ainda são desconhecidas”, justificou.
Mais tarde, na habitual conferência de imprensa com a DGS, Marta Temido referiu que o Infarmed tem liderado o acompanhamento do processo a nível internacional, com reuniões semanais entre os 27 Estados-membros da União Europeia. E voltou a salientar: “É ainda precoce estar a avançar sobre aquilo que será a informação sobre o número de doses, sobre eventuais preços ou, mais importante ainda, sobre datas efectivas para a sua disponibilização.”
Relativamente à preparação do Orçamento do Estado do próximo ano e do programa de recuperação económica, adiantou que a discussão foi iniciada nas últimas horas e que a abordagem de ambos os assuntos deverá estar concluída em Outubro e previu que a negociação este ano pode ser mais difícil do que em anos anteriores.
Repetindo dados já adiantados esta semana no Parlamento sobre a redução da actividade no Serviço Nacional de Saúde (SNS) por causa da pandemia de covid-19 – fizeram-se menos 1,1 milhões de consultas médicas nos centros de saúde entre Janeiro e Junho e menos 900 mil consultas hospitalares –, a ministra sublinhou que uma parte das verbas do programa de recuperação económica da UE será utilizada prioritariamente no reforço dos cuidados de saúde primários, nomeadamente para os dotar de meios de diagnóstico e terapêutica, e dos cuidados continuados, onde “faltam ainda cerca de 5500 camas”.
Depois de três meses “péssimos” – Março, Abril e Maio –, em Junho já se notou uma recuperação da actividade programada, mas será a partir de segunda-feira, quando entra em vigor o orçamento suplementar para 2020, que esta retoma terá condições para avançar, afirmou.
Outra prioridade passa pelo reforço da saúde pública, enfatizou, lembrando que há apenas 263 médicos de saúde pública no Serviço Nacional de Saúde, com uma média etária de 59 anos.