Sindicato reclama adesão “total” dos revisores à greve na CP
Os trabalhadores das bilheteiras e revisores da CP pretendem exigir a retirada da proposta de regulamento de carreiras apresentada pela empresa. Greve terá perturbações ainda durante a manhã de sábado, mas foram decretados serviços mínimos
O Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) diz que a adesão dos trabalhadores à greve desta sexta-feira é total. Segundo a empresa, entre as 00:00 e as 08:00 realizaram-se 58% das circulações programadas.
“A adesão à greve é total, com excepção dos serviços mínimos”, disse à Lusa Luís Bravo, do SFRCI, sublinhando que os trabalhadores “aderiram massivamente à greve e têm motivos para o fazer”.
“Já no final do dia de ontem [quinta-feira] foram suprimidos comboios regionais e de longo curso”, acrescentou.
Com a greve nacional de 24 horas, os trabalhadores das bilheteiras e revisores da CP - Comboios de Portugal pretendem exigir a retirada da proposta de regulamento de carreiras apresentada pela empresa, que consideram “humilhante”.
A CP alertou na quinta-feira que esperava perturbações na circulação a partir do final do dia e até à manhã de sábado, devido à paralisação.
“A greve abrange o dia 24 de Julho, mas o impacto na circulação poderá estender-se para além desse período, sendo expectável ocorrerem, já a partir de hoje, com especial incidência no final do dia, e ainda durante a manhã de 25 de Julho, supressões de comboios”, informou na quinta-feira a transportadora ferroviária, em comunicado às redacções.
Antes, numa nota aos utentes, a CP já tinha avisado que “por motivo de greve convocada por organização sindical se previam supressões de comboios a nível nacional em todos os serviços no dia 24 de Julho”.
Aos clientes que já tenham bilhetes para viajar em comboios que sejam suprimidos, a CP permitirá o reembolso no valor total do bilhete adquirido, ou a sua revalidação, sem custos.
A empresa recomenda que os clientes procurem informação actualizada no seu site, na proximidade da viagem, uma vez que foram decretados serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral, nomeado pelo Conselho Económico e Social.
A greve desta sexta-feira foi anunciada a 10 de Julho, com o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante a exigir a retirada da proposta de regulamento de carreiras apresentada pela empresa, que consideram “humilhante”.
“A proposta de regulamento de carreiras que a empresa apresentou na quinta-feira da semana passada [dia 02 de julho] é humilhante para os trabalhadores do comercial e é inaceitável. Nesse sentido, os trabalhadores querem que a empresa retire esta proposta da mesa negocial”, afirmou, na altura, o presidente do sindicato.
Segundo disse o dirigente sindical Luís Bravo, os trabalhadores “não aceitam” a pretendida “extinção, por fusão, das categorias de revisor e de operador de venda e controlo da bilheteira”, considerando que se “mistura o conteúdo funcional das categorias, quando um trabalhador itinerante não tem nada a ver com um trabalhador fixo de uma bilheteira ou vice-versa”.
“O que nos apresentam é uma polivalência total que não se compreende e que os trabalhadores rejeitam por completo”, sustentou. Também “inaceitável” para o sindicato é “a extinção de carreiras para onde os trabalhadores podiam progredir, como técnico comercial 1 e 2”.
Contudo, a CP já veio dizer hoje de manhã que a proposta apresentada era “um ponto de partida” para negociação, lamentando a posição “de conflito” assumida pelo sindicato, convocando greves sucessivas “numa altura crítica para a empresa”.
“Foi com estranheza que a CP foi confrontada com vários pré-avisos de greve, invocando como razão principal para estas greves a discordância face à referida proposta negocial. Discordância essa que não foi manifestada previamente a esta tomada de posição”, afirma a empresa, em comunicado.
A empresa explica que, ao contrário do que invoca o SFRCI, não pretende “extinguir as categorias de Operador de Revisão e Venda e Operador de Venda e Controlo”.
“O documento inicial propõe apenas a fusão das duas categorias numa única categoria, de Operador Comercial, uma vez que já hoje desempenham exactamente as mesmas funções, mantendo as especializações actualmente existentes na área de Revisão e Venda e Venda e Controlo”, acrescenta.
CP diz que longo curso e regionais são os mais afectados
Mais de metade dos comboios programados para esta sexta-feira, 24 de Julho, circularam até às 08h, estando os serviços mínimos decretados a ser cumpridos, informou a empresa. Segundo a empresa, entre as 00:00 e as 08:00 realizaram-se 58% das circulações programadas, o que significa que de um total de 252 ligações programadas se cumpriram 147.
Em comunicado, a CP - Comboios de Portugal diz que as ligações mais afectadas estão a ser as de longo curso e regionais.
Os serviços mínimos decretados “estão a ser cumpridos e realizados alguns comboios adicionais”, diz a CP, que acrescenta que os mínimos previstos definiam 124 comboios.
Ao início da manhã, o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) tinha dito que a adesão dos trabalhadores à greve de hoje era total e que, uma vez que estavam decretados serviços mínimos, apenas estavam previstos 25% dos comboios.