Uma realizadora apresenta-se: Jeanne Balibar

Actriz trazida para a primeira linha do cinema francês nos anos 90, pertence a uma geração que assumiu naturalmente a circulação entre os dois lados das câmaras. Uma comédia sobre a política e o teatro, é do mais divertido que se tem visto este ano: As Maravilhas de Montfermeil.

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Com As Maravilhas de Montfermeil, Jeanne Balibar apresenta-se como realizadora. É a sua primeira experiência “a solo” como autora — autora total, dá vontade de dizer — mas não é uma estreia absoluta: no princípio da década, um pequeno e muito divertido filme (visto, em Portugal, na Cinemateca), Par Exemple, Eléctre, já a creditava na função de realizadora, a meias com Pierre Léon. A vontade de passar para trás da câmara (sem deixar de estar, como em qualquer destes casos, também à frente) já morava nela há algum tempo e, como nos diz em conversa telefónica, o argumento das Maravilhas estava escrito desde 2012 (o que faltou para o filmar mais cedo? “Coragem”, diz, a coragem de superar uma timidez que descreve como “aguda”). Também vem, e é ela que o lembra, de uma geração que assumiu com naturalidade uma livre circulação entre os dois lados das câmaras de filmar — e talvez pense sobretudo em Mathieu Amalric, com quem foi casada e com quem continua a trabalha (Amalric aparece em Montfermeil na pele de um burocrata bem intencionado, como aliás são quase todas, burocratas e bem intencionadas, as personagens do filme), ele e ela trazidos para a primeira linha do cinema francês num filme que se tornou um marco geracional para os anos 90, o Comment Je Me Suis Disputé (Ma Vie Sexuelle) de Arnaud Desplechin.

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