Água caiu a jorros na cidade de Évora durante 45 minutos

Não há memória de um fenómeno atmosférico como o que ocorreu na noite da última terça-feira. A precipitação média mensal em Évora e no mês de Julho é de 8,6 milímetros. Caíram numa hora mais de 38.

Parecia a noite do juízo final. Em apenas 45 minutos, a população de Évora temeu estar confrontada com a noite do juízo final na sequência de “uma violenta tempestade que se abateu sobre a cidade ao final do dia 21 de Julho. O udómetro do Instituto de Ciências da Terra (ICT) da Universidade de Évora, no Colégio Luís António Verney, registou a maior intensidade de precipitação, desde que foi instalado em 2007.

A informação veiculada por aquela instituição académica diz que Évora “acumulou” naquele espaço de tempo “uma precipitação de 38,805 milímetros (mm)”. Até dia 21 de Julho os valores mais elevados de precipitação horária, registados nesta estação eram de 28,059 mm (a 4 de Novembro de 2012) e 21,691 mm (a 22 de Abril de 2014).

Segundo a equipa de técnicos e investigadores do ICT, “não há nenhum registo, nesta estação, de precipitação superior a dez milímetros numa hora nos meses de Julho e Agosto”. Entre as 19h26 e as 19h55 (num período de apenas meia hora) a precipitação acumulada foi de 37,6 mm, ou seja, a intensidade de precipitação foi de 75,2 mm/hora, o que permite classificar este evento “como de precipitação violenta (superior a 50 mm/hora), o nível mais elevado da classificação da intensidade da precipitação” refere a nota enviada pela Universidade de Évora.

Mem Martins, Sintra. Alex Paganelli
Póvoa de Santa Iria Pedro Sampaio
Miguel Manso
José Duarte
Fotografia tirada do terraço na Parede em Cascais. Um momento único. Mónica Silva
Vista de Lisboa perto da Gulbenkian Ana Catarina Santos
Pedro Henriques
Arran Rice
João Vasconcelos
Andreia Gonçalves
Nuno Mendes
Christian Gnad
João Soares
Marta Frazão
Vi este espetáculo em casa, sempre adorei! Mas confesso que meteu respeito. Seixal, Margem Sul Daniela Gaveias
Manuel Campos
Da janela, Almada Daniel Luz
Vivo em São Marcos, Cacém. Acordei com o meu cão a saltar da cama e a ir para a sala. Segundos depois, cai o primeiro relâmpago. Fui logo buscar a máquina e tentei fotografar alguns relâmpagos. Inês Marques
Fotos tiradas no marco geodésico de Carnaxide, às 00h26 Tiago Coelho
Zona do Lumiar; inclusive dá para ver a Calçada de Carriche. Esta trovoada foi algo de fascinante, a luz rasgava o céu por completo e de forma frenética numa mera fração de segundos. Não consegui sequer sentir medo quando de um fenómeno tão bonito se tratava; não observava uma trovoada como esta há anos e foi demasiado bom parar um bocado na correria que é a vida e contemplar a natureza a fazer das suas, calma e serena mas ao mesmo tempo com toda a sua força indomável, capaz de provocar tantas emoções num ser mortal, desde o medo à admiração. Leonor Serra
Odivelas Iuri Sulemane
Foto tirada da janela do meu prédio em Linda a Velha durante a trovoada do dia 20/21 julho 2020 Nuno Joel
Amora João Zeferino
Fotografia tirada pela minha filha de 13 anos, Laura Rebordão de Sousa, na Alameda D. Afonso Henriques. Veva Sousa
Tirada da minha varanda em Alvalade Sanaama Foodie
Miraflores Dina Alves
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Sobre a serra da Arrábida Miguel Mira Sequerra
Paulo Benza
Foi uma circunstância engraçada, pois estava a meio de uma corrida quando a trovoada começou. O cenário foi espectacular para quem gosta deste tipo de fenómeno. Não só me entreteve enquanto treinava como, por momentos, fui para outra dimensão, onde imaginava um filme com aquele cenário. Após chegar a casa, ainda fui a tempo de montar o tripé, captar imagens e continuar a desfrutar do meu fenómeno natural preferido. Bernardo Rodrigues
Estava em casa, na Penha de França, e fiquei a assistir ao espectáculo deslumbrante durante quase uma hora. Andreia Carvalho
Quando os céus se zangam com o mar... Zona do Alto do Restelo. Ana Sousa Lopes
Abrigada atrás da câmara para controlar o medo e registar o espectáculo, na Penha de França. Marta Osório
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Aa janela de casa, com vista para o Palácio Nacional de Mafra. Adoro ver a trovoada Alda Reis
Margem Sul, Costa de Caparica, Mariana Pascoa
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Alta de Lisboa João Carreira
Foi incrível assistir a tamanho espectáculo. Penha de França, Lisboa. César de Melo
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Apesar da consciência do perigo, acho que valeu correr o risco. Serra da Mira, Amadora. Carlos Alberto Horta
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Fotogaleria
Mem Martins, Sintra. Alex Paganelli

Os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), referem que, em Julho, a precipitação média mensal em Évora é de 8,6 mm (dados de 1971 a 2000). Ou seja, a precipitação acumulada no dia 21, entre as 19h e as 20h “foi quase cinco vezes mais elevada do que a normal para todo o mês de Julho” acentuam os investigadores do ICT.

Acresce que o evento de precipitação foi muito localizado. Na estação do ICT localizado no Pólo da Mitra da Universidade de Évora (cerca de dez quilómetros da cidade para Oeste) a precipitação acumulada no mesmo período foi de 15,9 mm, ainda assim uma precipitação muito elevada. Em Portel, a estação do ICT não registou qualquer precipitação.

No dia 21 de Julho e durante este período, a velocidade média do vento foi de 20 quilómetros por hora, mas às 19h31 atingiu os 55 quilómetros por hora. A temperatura do ar registou uma quebra abrupta de 32 graus Celsius às 17h para 16 graus às 18h50.

Este fenómeno meteorológico, descrevem os investigadores do ICT, “teve origem numa depressão isolada em altitude, um sistema meteorológico também conhecido por “gota fria” que se forma a partir de uma perturbação da corrente de Oeste nas proximidades do jacto polar”. Esta perturbação traz ar mais frio, em níveis elevados, dando origem a uma grande bolha, uma gota de ar mais frio rodando no sentido ciclónico (anti-horário) na média e alta troposfera.

A deslocação deste sistema sob uma região em que a superfície está muito quente e, portanto, com uma “camada atmosférica adjacente muito instável, favorece a convecção, dita profunda, com um intenso movimento vertical, dando origem à condensação do vapor de água, transportado pela circulação de sul (com origem atlântica) e a nuvens muito espessas”.

Por sua vez, “os intensos movimentos verticais das partículas de água líquida e sólida provocam uma separação de cargas eléctricas, criando elevadíssimas diferenças de potencial entre diferentes regiões das nuvens e entre estas e a superfície”. Estas diferenças de potencial “dão origem a descargas eléctricas, os relâmpagos, na maioria dos casos entre nuvens, mas por vezes nuvem-superfície, “como foi particularmente visível e aterrador”, sublinha o ICT.

Os serviços de protecção civil registaram a ocorrência de 74 inundações e a queda de seis árvores. Deflagrou ainda um incêndio provocado por um raio que foi rapidamente apagado pela precipitação.

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