Estados Unidos põem cabeça de presidente do Supremo da Venezuela a prémio
Departamento de Justiça norte-americano acusa Maikel Moreno de corrupção e oferece cinco milhões de dólares pela sua captura. Supremo, controlado por forças leais ao chavismo, tem assumido um papel central na estratégia política de Nicolás Maduro.
Os Estados Unidos anunciaram uma recompensa no valor de cinco milhões de dólares por informações que levem à captura de Maikel Moreno, presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro pelo Departamento de Justiça norte-americano.
O anúncio foi feito em comunicado pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, que de seguida recorreu ao Twitter para justificar a decisão. “Maikel Jose Moreno Perez, um amigo de [Nicolás Maduro], usou a sua autoridade para obter ganhos pessoais, aceitando subornos para influenciar o resultado de casos criminais na Venezeula. Com o anúncio de hoje, estamos a enviar uma mensagem clara: os Estados Unidos mantêm-se firmes contra a corrupção”, afirmou.
Esta não é a primeira vez que o presidente do STJ é visado pelas autoridades norte-americanas. Em Março, Maikel Moreno foi um dos nomes referidos na rede internacional de narcotráfico que os EUA dizem ser chefiada pelo Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Nessa altura, os Estados Unidos puseram a cabeça de Maduro a prémio e anunciaram uma recompensa de 15 milhões de dólares a quem dê informações que levem à sua captura. Segundo o Departamento de Justiça norte-americano, Maduro é o líder de um cartel que “inundou os Estados Unidos com cocaína” e terá usado o dinheiro do tráfico de droga para sustentar o seu regime nos últimos anos.
Na ordem de captura emitida em nome do Presidente venezuelano, segundo o El País, surgem outros nomes do regime chavista, como o ex-presidente da Assembleia Nacional Constitutente Diosdado Cabello; o ministro da Defesa, Vladimir Padrino; o ministro do Petróleo, Tareck El Aissami; e Maikel Moreno, acusado de lavagem de dinheiro e de ter recebido subornos em pelo menos 20 casos judiciais.
Depois de anunciada a recompensa, o presidente do STJ garantiu que os Estados Unidos não vão ser bem-sucedidos. “Esta não é a primeira vez que o império dos Estados Unidos me tenta atacar. Nunca serão bem-sucedidos, porque a independência e soberania da nossa pátria não estão em discussão”, afirmou Moreno no Facebook.
Maikel Moreno, que esteve preso durante dois anos por ter assassinado a mulher em 1987, foi nomeado presidente do STJ em 2017. Antes, foi polícia e magistrado do Ministério Público, tendo ganhado maior importância com a chegada de Hugo Chávez ao poder.
Com a sua chegada ao mais alto tribunal do país, o STJ, controlado por figuras próximas de Maduro, tem sido uma peça central na estratégia política do Presidente venezuelano. Numa altura em que o autoproclamado presidente venezuelano Juan Guaidó perde força interna e externamente, o STJ tem tomado várias decisões que dificultam as contas da oposição.
No início de Junho, o tribunal presidido por Maikel Moreno nomeou um novo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) sem consultar a Assembleia Nacional, onde a oposição ainda está em maioria. As eleições legislativas foram, entretanto, marcadas para 6 de Dezembro e a oposição ameaçou boicotar o acto eleitoral, temendo que não estejam garantidas condições para que decorram democraticamente.
Dias depois de nomear o novo CNE, o STJ destitui as direcções de dois partidos da oposição – Primeiro Justiça e Acção Democrática –, entregando as lideranças a direcções menos hostis a Maduro.