Esposende: a deslizar no rio, a cavalgar na praia, a flutuar no mar
Um passeio numa barca recuperada dos caminhos de Santiago, uma aula de equitação ou de kitesurf são algumas das propostas que ganham vida em Esposende.
O Cávado, tal como todos os rios, tem os seus segredos. A Barca do Lago atraca em Esposende e os viajantes entram a bordo. A paisagem é idílica: a folhagem verde das árvores arrasta-se com a brisa e o movimento ondulante do rio. A barca irrompe por um pequeno oásis, abrindo caminho pela natureza. É Belmiro Penetra quem manobra o leme, seguindo pelo Cávado fora.
A barca abranda para os viajantes mergulharem. Belmiro, o responsável, fica de olhos nos visitantes. O projecto de reconstruir a barca que fazia a travessia até Santiago de Compostela era já sonhado por Belmiro desde 2000. Em 2010, fora de caiaque até Santiago, juntando-se assim a José Costa, técnico de turismo da autarquia de Esposende. “Começou-se a falar muito da barca”, conta Belmiro, que não só procurou um conhecido livro sobre as barcas, no museu de Olaria de Barcelos, como viajou até Paris, a uma feira náutica, para analisar a construção das embarcações.
Aos poucos, Belmiro começou a apostar na construção de uma réplica da barca, recuperando deste modo o Caminho Português da Costa. “Uma réplica moderna, com motor, mas seguindo as mesmas linhas da original”, explicita o antigo nadador-salvador que, ao longo dos anos, foi amealhando dinheiro para a empresa Proriver, que agora dinamiza passeios pelo Cávado, e até mesmo festas de aniversário, despedidas de solteiro e aulas de yoga. A aventura com a barca arrancou em finais de 2015, inícios de 2016, e vai de vento em popa, mesmo que Belmiro tema os efeitos que a pandemia poderá vir a trazer.
Tomados longos banhos no rio, estende-se uma toalha bordada de branco sobre a mesa da barca. Os copos altos começam a aparecer, e, com eles, os vinhos verdes, típicos da região, que dão um novo gosto ao paladar, reconfigurando a sensação de se caminhar sobre água. Surgem novos sabores, ligados à terra de Esposende: o queijo, os bolinhos de bacalhau, o polvo, as saladas. Mas o melhor fica sempre para a sobremesa: as catraias, com forma de embarcação como o próprio nome indica, marcadas pelo sabor a doce de chila, invenção do pasteleiro Pedro Carneiro, e as clarinhas, famosas de Fão, com gemas de ovo, chila e açúcar.
Apesar de uma bela amostra do que Esposende tem para oferecer, um passeio pelo Cávado é apenas uma das atracções. Logo pela manhã, há quem cavalgue na Portugal Equestrian, escola de equitação que disponibiliza programas para as férias em três modalidades possíveis: um programa standard, um programa intensivo ou um programa de fim-de-semana. O tempo só nos permitiu experimentar um passeio a cavalo pela arena (mas, sublinhe-se, a trote), porém valeu para deixar a vontade de prolongar o passeio pelo campo e pela praia em próxima oportunidade. Se em vez dos cavalos, preferir cavalgar as ondas, também é possível por aqui: uma boa sugestão são as aulas de kitesurf, dinamizadas pela escola Kook Proof.
O percurso começa na lota de pesca de Esposende, onde se armazenam os fatos, no meio de um cenário de redes de pesca, anzóis e escadas cobertas de musgo aquático. As gaivotas planam no ar ou repousam pelos arrabaldes para contemplar o mar revolto. Uma lancha leva os aventureiros até à praia onde, com apoio de um instrutor, podem desfrutar de uma aula. No areal, o vento ameniza o calor, e no ar vêem-se os kites a flutuar, os corpos assentes nas pranchas que deslizam pela espuma das ondas, numa dança que dura até ao anoitecer.
No final do dia, a sensação é de cansaço, mas ainda há tempo para contemplar o pôr-do-sol enquanto se experimenta um arroz de peixe no Restaurante Varandas do Cávado, no hotel Suave Mar, onde se pode pernoitar, garantindo-se segurança e conforto. De manhã, no exterior com vista para a piscina, o pequeno-almoço sai reforçado, para começarmos da melhor forma mais um dia em terra de pescadores e mar, de rios e monte.
A Fugas viajou a convite da Associação do Turismo Porto e Norte
Texto editado por Luís J. Santos