Marcelo e a cimeira europeia: “Isto é irrepetível”
Costa telefonou ao Presidente da República durante a madrugada para o informar sobre o decorrer dos trabalhos em Bruxelas.
“Espero que haja a noção de que isto é irrepetível”, declarou na tarde desta terça-feira o Presidente da República, referindo-se ao acordo alcançado durante a madrugada no Conselho Europeu, em Bruxelas, sobre os fundos de recuperação para fazer face à crise suscitada pela pandemia do covid-19.
“É um acordo excepcional, embora não tenha sido o ideal, mas esteve muito próximo”, disse Marcelo Rebelo de Sousa em Monte Redondo, Leiria, após visitar a corporação local dos bombeiros voluntários que há uma semana perdeu um militar durante o combate a um incêndio florestal.
“Os Estados não foram afectados, o corte que houve nos subsídios foi para a Comissão Europeia, não para cada Estado”, destacou o Presidente.
“É excepcional no montante, nunca Portugal recebeu tanto dinheiro, é uma grande responsabilidade saber como gastar esse dinheiro”, considerou. “Com este dinheiro”, prosseguiu Marcelo, “olhar para o dia seguinte é olhar para mais anos, é saber onde investir, se nas infra-estruturas, nos transportes, na criação de riqueza, nas coisas que têm a ver com a vida dos portugueses”, ponderou.
Para, depois, se referir à excepcionalidade do momento, vincar: “Espero que haja a noção de que isto é irrepetível”. Tão excepcional que, confessou o Presidente da República, foi um dos temas do almoço a sós com o rei Filipe VI, no Palácio da Zarzuela, em Madrid. E revelou que, durante a madrugada, já em Madrid, o primeiro-ministro, António Costa, o informou sobre o andamento do Conselho Europeu.
“O dinheiro dá para várias coisas, é preciso executar bem, começa já a 1 de Janeiro do próximo ano”, recordou. E, se se começar bem, avança-se bem, sintetizou. Marcelo assinalou que cabe ao Governo, ao Parlamento e aos parceiros sociais ponderarem as opções de investimento.
Quanto ao plano de António Costa e Silva, apresentado oficialmente durante a manhã desta terça-feira, em Lisboa, o Presidente considerou-o como um passo para o debate na sociedade portuguesa que, depois, definirá a estratégia.