REN planta 27 mil medronheiros em Penacova e reconverte 110 hectares de floresta
O projecto substituirá “espécies de rápido crescimento e maior propensão a incêndios por espécies autóctones de crescimento mais lento e geradoras de rendimento anual para os proprietários dos terrenos”.
A empresa Redes Energéticas Nacionais (REN) anunciou nesta terça-feira um projecto de reconversão de 110 hectares de floresta em Penacova, distrito de Coimbra, com a plantação de mais de 30 mil espécies autóctones, 27 mil das quais medronheiros.
Numa nota enviada à agência Lusa, a REN adianta que esta reconversão florestal será realizada “ao longo dos corredores de transporte de energia”, numa área entre a serra da Atalhada, rio Alva e a Central da Aguieira, “promovendo o restauro dos ecossistemas e o aumento da biodiversidade”.
Citado no comunicado, João Gaspar, responsável da área de Servidões e Património da empresa, diz que a operação representa “a continuidade do trabalho de ordenamento” dos corredores de transporte de energia da REN em todo o país.
“Com a conclusão deste novo projecto em Penacova, passamos a ter mais de 53% da área florestal reconvertida neste concelho, substituindo espécies de rápido crescimento e maior propensão a incêndios por espécies autóctones de crescimento mais lento e geradoras de rendimento anual para os proprietários dos terrenos”, afirma.
A REN quer ainda “incentivar uma intervenção mais activa dos proprietários nos seus terrenos, assegurando uma melhor gestão dos mesmos e permitindo aos donos a obtenção de rendimentos de áreas que muitas vezes estavam ao abandono”, assinala João Gaspar.
À Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Penacova, Humberto Oliveira, frisou que esse município do distrito de Coimbra associou-se “desde a primeira hora” ao projecto da REN, assinalando que este permite ajudar a cumprir uma política municipal nas dimensões ambiental, de lazer e económica.
“Na dimensão ambiental permite trazer biodiversidade à nossa paisagem. Ao apostar em espécies autóctones mediterrâneas, garante ganhos ambientais”, assinalou Humberto Oliveira.
Já na componente de lazer, o autarca frisa que o projecto permite que se possa usufruir de percursos pedestres, bem como de trilhos para a prática de BTT: “Queremos infra-estruturar territórios para essas actividades e passar a ter respostas diferentes e diferenciadoras”, disse.
A dimensão económica passa pela “reabilitação da economia local à base do medronho e medronheiro”, com envolvimento dos proprietários dos terrenos por onde passam as linhas de média e alta tensão da REN, que possui uma servidão para esse efeito.
“É preciso que, no futuro, os proprietários se envolvam e tratem dos terrenos porque estarão também a usufruir de ganhos e a promover uma economia de base local”, destacou Humberto Oliveira.
Ainda segundo o autarca de Penacova, a reflorestação dos 110 hectares de terreno deverá iniciar-se no último trimestre deste ano, “que é a altura mais propícia para a intervenção”.
Embora numa primeira fase a reflorestação se baseie na “capacidade de realização da empresa” promotora, Humberto Oliveira pretende envolver a população, através da divulgação do projecto.
“Para envolver as populações precisa de ser comunicado”, notou.
De acordo com dados revelados na terça-feira, a REN plantou mais de um milhão de árvores na última década, desde 2010, “numa área superior a três mil hectares, substituindo espécies de rápido crescimento por espécies autóctones, mais resistentes ao risco de incêndio”.
“Nestas reconversões foram abrangidos mais de 15 mil proprietários, que têm a possibilidade de obter algum rendimento de terrenos que estavam frequentemente ao abandono, promovendo, ainda, o aumento da biodiversidade”, assinala a empresa.
Por outro lado, na prevenção de incêndios rurais as Redes Energéticas Nacionais garantem que têm vindo a realizar acções de limpeza dos corredores de transporte de energia, tendo sido limpos “mais de 30 mil hectares” nos últimos cinco anos.
“Só em 2019, a REN actuou em mais de oito mil hectares (31 hectares/dia). Este trabalho é efectuado em terrenos que não pertencem à REN, o que implica um contacto com os proprietários antes de qualquer intervenção. Nos últimos anos, este trabalho envolveu o contacto com mais de 25 mil proprietários por ano”, destaca.