Desta vez não há restrições. Rui Moreira apela ao “civismo” na celebração de campeonato no Porto
Na noite de São João, autarca decretou restrições especiais para impedir ajuntamentos. Desta vez, Rui Moreira pede aos adeptos que cumpram as regras mas não decreta medidas extraordinárias. Festa no Porto pode acontecer já esta terça-feira
Desta vez, ao contrário do que aconteceu na noite de São João, não há medidas especiais para evitar ajuntamentos de pessoas na cidade do Porto. Rui Moreira apelou esta segunda-feira ao “civismo” dos adeptos do FC Porto, em vésperas de o clube poder festejar a vitória no campeonato nacional. Basta um empate do Benfica esta terça-feira, no jogo contra o V. Guimarães (21h30), para os “dragões” poderem celebrar o título. Se os “encarnados” não perderem pontos, a festa pode ainda dar-se no dia seguinte, após o jogo com o Sporting em casa (21h30).
“Conhecemos bem a forma como os adeptos tradicionalmente celebram esses acontecimentos. Sucede que, desta vez, fruto da situação em que vivemos, tenho que apelar ao civismo e ao espírito de solidariedade de todos para que compreendam que o que foi conseguido nos últimos meses na cidade, a pulso, com muitos sacrifícios individuais, tem de ser continuado”, disse Rui Moreira num vídeo gravado na varanda do edifício da Câmara do Porto. "É por isso mesmo que faço daqui um apelo, para que todos se saibam comportar, com civismo, cumprindo as leis em vigor, numa situação tão difícil para o país.”
O autarca, que esteve na lista de Pinto da Costa nas eleições de Junho do clube, como cabeça de lista para o Conselho Superior, apelou ainda à comunicação social, dizendo que esta tem um “papel determinante para evitar as concentrações de adeptos”. E finalizou: “Espero que assim cada um de nós, de acordo com as suas opções e preferências clubísticas, possa celebrar, mas celebrar da forma civilizada como temos sabido celebrar neste tempo tão difícil que vivemos.”
Há menos de um mês, na noite de São João, Rui Moreira foi mais duro nas restrições impostas à festa nas ruas da cidade. Em acordo com o autarca de Vila Nova de Gaia mandou mesmo encerrar a ponte Luís I, tanto para circulação automóvel como pedonal, e os transportes públicos também estiveram parados.
Num despacho saído do seu gabinete, obrigou cafés e lojas de conveniência a fecharem portas às 19h, os restaurantes a não ter clientes a partir das 23h e as salas de espectáculos a encerrar partir das 19h, algo que forçou o Coliseu do Porto a cancelar o espectáculo, já esgotado, de Bruno Nogueira “Deixem o pimba em paz”.
Na nota divulgada na altura, após uma reunião dos Conselhos Municipais de Segurança e Economia, a autarquia citava o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, Carlos Nunes, que, elogiando os bons resultados da cidade no combate ao vírus, recordava que esse trabalho se poderia esgotar rapidamente se os cuidados não fossem contínuos. O responsável recordou mesmo o que aconteceu em Itália, devido, precisamente, a um jogo de futebol que juntou milhares de adeptos que se deslocaram e espalharam o vírus, e para os riscos de uma segunda onda da doença no Norte.
O PÚBLICO questionou a Câmara do Porto sobre um eventual reforço policial nas ruas, à semelhança do que aconteceu também na noite de São João, mas não obteve resposta.
Há dias, depois da vitória do FC Porto em Tondela e de o campeonato ter ficado mais próximo, dezenas de adeptos juntaram-se à porta do Estádio do Dragão para receber os jogadores. Apesar do reforço policial e da presença da PSP no local, era visível o incumprimento de regras no que a distância de segurança diz respeito. Alguns dos adeptos também não usavam máscara.