“Todos os animais são egoístas por sobrevivência. Mas nós, humanos, criámos egoísmo de formas novas, mais cruéis”

O neurocientista Joseph LeDoux defende que “não há nada de melhor em relação aos humanos” e que o nosso cérebro nos traz problemas que outras espécies não têm, como o ódio, a ganância, o narcisismo e a inveja. Quanto à pandemia deste “inimigo invisível”, acredita que as culturas e o mundo estão a mudar “e isso significa que algo no nosso cérebro muda também”.

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O neurocientista Joseph LeDoux é também vocalista e compositor da banda The Amygdaloids Stephen Lovekin/Getty Images

Há mais de quatro décadas que o neurocientista norte-americano Joseph LeDoux (da Universidade de Nova Iorque) estuda o cérebro, o equilíbrio entre os mecanismos conscientes e inconscientes e também os circuitos cerebrais de sobrevivência, sobretudo na relação com o medo e a ansiedade. Depois de explorar esses temas em livro (The Emotional Brain ou Anxious), chega agora a Portugal O Cérebro Consciente -Uma longa história da vida (ed. Temas e Debates), uma edição que explica minuciosamente a longa viagem até à consciência humana, com todos os pequenos passos que foram moldando o cérebro, passos esses que não passaram de “um conjunto de acasos”. Tudo começou com a pergunta “quão para trás na história da evolução temos de ir para perceber a detecção do perigo?”, explica o professor e investigador de 70 anos em videochamada, mas a viagem foi mais longa do que esperara: quatro mil milhões de anos – e a certeza de que temos mais em comum com seres unicelulares do que ousaríamos pensar. E que, acredita, não somos mais nem melhores do que os outros animais. Só diferentes.

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