Bombeiro morre a combater incêndio na serra da Lousã
Vítima mortal era chefe dos Bombeiros de Miranda do Corvo, que comandava a equipa que combatia o incêndio na Serra da Lousã. Fogo foi dominado pouco depois das 21h, mas ainda estão cerca de 200 bombeiros no teatro das operações.
Um bombeiro morreu este sábado no combate a um incêndio na serra da Lousã, distrito de Coimbra. Outros três bombeiros ficaram feridos, um deles com gravidade, confirmou ao PÚBLICO fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Coimbra.
O incêndio deflagrou numa encosta da Serra da Lousã, junto a um acesso a Trevim, um dos pontos mais altos da serra. De acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), o incêndio deflagrou pelas 18h26, mobilizando 250 operacionais e 70 veículos, tendo sido dado como dominado por volta das 21h. No local decorrem ainda as operações de rescaldo e vigilância, segundo informações do CDOS às 00h30 de domingo.
Numa nota publicada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa lamentou a morte do bombeiro da corporação de Miranda do Corvo e fala numa “perda profunda para quem tanto dá ao país”.
“Foi com profundo pesar e consternação que tomei conhecimento do trágico falecimento do bombeiro voluntário José Augusto Dias, que combatia um incêndio na serra da Lousã, assim como dos soldados da paz que ficaram feridos naquele combate e a quem desejo boa recuperação”, lê-se numa nota do gabinete do primeiro-ministro, António Costa.
Também o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, endereçou esta noite “sentidos pêsames à família, amigos e à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Miranda do Corvo”. “Vivemos hoje mais um momento trágico, com a morte do chefe José Augusto, do Corpo de Bombeiros de Miranda do Corvo, que comandava a equipa que combatia o incêndio que deflagrou esta tarde na Serra da Lousã”, escreve o responsável pelo MAI, numa nota divulgada este sábado em que deixa “votos de plena recuperação aos três bombeiros que ficaram feridos durante esta complexa operação”.
A ANEPC emitiu uma nota de pesar pela morte do bombeiro, informando que “dois bombeiros do Corpo de Bombeiros Municipais da Lousã foram assistidos devido à inalação de fumo e um outro bombeiro do Corpo de Bombeiros de Miranda do Corvo sofreu ferimentos nos membros inferiores (queimaduras)”. Fonte da Câmara Municipal da Lousã confirmou que este foi transferido para o Centro Hospitalar de Coimbra. Os outros dois bombeiros foram assistidos no local e já estão recuperados, garantiu o adjunto João Santos. As causas do incidente estão, apurou o PÚBLICO, a ser investigadas.
Segundo o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, o bombeiro que morreu tinha 55 anos de idade e 39 anos de experiência. Ainda segundo o presidente da Liga dos Bombeiros, o fogo terá tido origem na trovoada que se abateu durante a tarde sobre a região. O vento forte que se fazia sentir, com mudanças repentinas de direcção, dificultou o combate às chamas, mas o incêndio seria dado como dominado algumas horas depois.
“É um saldo muito penoso, perder uma vida humana”, lamentou o autarca Luís Antunes, em declarações à RTP3. O bombeiro que perdeu a vida fazia parte da primeira equipa que chegou ao terreno para combater as chamas. No teatro das operações, ainda estavam cerca de 200 bombeiros “apoiados por muitos meios mobilizados para o local”, adiantou Luís Antunes, em declarações às 21h30.
Miranda do Corvo com três dias de luto municipal
A Câmara de Mirando do Corvo decretou três dias de luto municipal em memória do bombeiro da corporação de voluntários da vila José Augusto Dias Fernandes.
O presidente da Câmara Municipal de Miranda do Corvo, Miguel Baptista, “decretou três dias de luto municipal em memória e reconhecimento de José Augusto Dias Fernandes, tragicamente falecido no cumprimento da nobre missão de defesa da comunidade”.
A autarquia apresentou aos familiares, amigos e “a toda a família dos Bombeiros Voluntários e da Câmara Municipal” de Miranda do Corvo “as mais sentidas condolências neste momento de dor partilhado por todos os mirandenses”, acrescenta a nota.
Em declarações à CMTV, o comandante dos Bombeiros Miranda do Corvo, Fernando Jorge, diz que a equipa que combateu o incêndio na Lousã “era experiente e já tinha estado algumas vezes no terreno, com muita experiência e formação”. Na manhã deste domingo revelou “não saber ao certo o que aconteceu”, falando “provavelmente” numa “inalação de fumos” e garantindo a união entre os membros do quartel para “dar a volta”.
A ANEPC tinha alertado, este sábado, para o risco de incêndio rural associado à ocorrência de aguaceiros e trovoada seca prevista com maior probabilidade nas regiões do interior Norte e Centro e Alto Alentejo.