O Walk&Talk 9.5 balança entre a interacção local e a experiência virtual
Começa esta quinta-feira, prolongando-se até 19, uma edição intermédia do festival de artes açoriano, com a inauguração de uma plataforma online e uma exposição em Ponta Delgada.
Começa esta quinta-feira, prolongando-se até dia 19, o festival de artes Walk&Talk: devido às actuais restrições impostas pela covid-19, será uma espécie de edição intermédia, a edição 9.5, antes do décimo aniversário a comemorar em 2021. Como em tantos outros acontecimentos similares, e dado o actual contexto pandémico, a opção foi criar um acontecimento online, embora alguns dos projectos se desenrolem presencialmente na ilha de São Miguel, tendo como epicentro na cidade de Ponta Delgada, sede do evento, com instalações, projecções ou performances.
Será, por isso, uma edição dividida em dois vectores. A plataforma online é o ponto de partida para explorar os inúmeros projectos artísticos desta edição ou aceder a conteúdos áudio (como os podcasts e a rádio 9.5), acompanhar os eventos ao vivo em streaming ou através de um chat, numa lógica de experiência virtual e global. Os eventos presenciais, por seu turno, cumprirão os requisitos sanitários, numa lógica mais de interacção física e local. Apesar da alteração de formato, conservam-se algumas das estruturas programáticas do festival, mantendo-se o “circuito performativo”, o “circuito conhecimento” ou o “circuito ilha”.
A inauguração da plataforma online e a abertura, em Ponta Delgada, da mostra Brum Atelier + Atelier Caldeiras, congregando artistas de ambos os espaços (Beatriz Bum, João Ramos e Rodrigo Queiróz), dão esta quinta-feira início à edição 9.5 do Walk& Talk, seguindo-se, nos próximos dias, como sempre, muitos acontecimentos estimulantes. Por exemplo, Missing You, um passeio-áudio, em formato app, criado pelo artista e músico Danny Bracken. O itinerário convida os ouvintes a percorrerem ruas de Ponta Delgada, enquanto ouvem uma colecção de gravações geolocalizadas, produzidas perto da casa do artista, em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Já o artista e coreógrafo brasileiro Gustavo Ciríaco imagina um projecto centrado na relação entre paisagem e linguagem, entre experiencia e discurso poético, em Cobertos Pelo Céu, enquanto a dupla João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira, em cooperação com o perfumista Miguel Matos, desenvolveu um aroma a ser difundido numa rua de Ponta Delgada.
Haverá também uma maratona. Para já, este ano, será delineado o projecto, e para o ano, a sua realização. Isso mesmo. Um percurso de 42 quilómetros, concebido pelo Ilhas Estúdio, que atravessa a ilha de São Miguel, a partir de oito pontos diferenciados, e no qual qualquer pessoa poderá participar, juntando reivindicações, lutas e causas que considere urgentes. No mundo virtual, mas também em Ponta Delgada, será possível tomar contacto com a experimentação de Hodiernidade e na Anfibologia do Agora, do artista Flávio Rodrigues, recorrendo ao desenho, à poesia ou ao vídeo.
A relação com a ilha, os seus rituais diários, ou as suas circunstancias climáticas especiais, irão estar em evidencia em várias propostas, como Solar, da artista visual Luísa Salvador, ou Drawing Insights (from data), da artista multimédia Mané Pacheco. O realizador Pedro Maia, em Indagora, irá trabalhar a montagem, o som e a narrativa de um filme em tempo real, num processo que será mostrado em live streaming. Conversas em que se reflectirá sobre o momento actual, e se projectará o futuro, nas artes e em tudo à volta, também não faltarão ao longo destes dias, com protagonistas como a curadora Ana Cristina Cachola, a directora do Programa de Arte da Enter Art Fair Irene Campolmi, a escritora e performer Victoria Sin, o artista e músico Jonathan Uliel Saldanha ou o artista e compositor Colin Self.
Os conteúdos da edição 9.5 serão apresentados em estreia ao longo dos dez dias do festival e irão permanecer acessíveis ao público, numa lógica de arquivo, na plataforma online 9.5.walktalkazores.org.