IPMA: Biomassa de sardinha atlanto-ibérica aumentou 66% entre 2019 e 2020
A subida da biomassa deve-se ao recrutamento de sardinhas jovens acrescentadas ao stock em 2019, à redução das capturas e à gestão da pescaria, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
A biomassa reprodutora da sardinha atlanto-ibérica aumentou cerca de 66% entre 2019 e 2020, impulsionada pelo recrutamento de 2019, que atingiu um valor máximo desde 2004, pela redução de capturas e gestão das pescas, indicou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
“De acordo com a avaliação científica, a biomassa reprodutora de sardinha atlanto-ibérica aumentou cerca de 66% entre 2019 e 2020, estimando-se esse valor, para o início de 2020, em 344 mil toneladas”, lê-se numa nota publicada no site do IPMA. Esta subida deve-se, essencialmente, ao recrutamento de 2019, “o mais abundante desde 2004”, à redução das capturas e à gestão da pescaria. O recrutamento é a quantidade de sardinhas jovens que é acrescentada ao stock anualmente.
O Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES, na sigla em inglês) avaliou o stock ibérico da sardinha no final de Junho. O parecer deste conselho científico apontou um conjunto de alternativas de gestão, como o rendimento máximo sustentável e a regra de exploração precaucionária no longo prazo.
Em 2018, os governos de Portugal e Espanha decidiriam gerir a captura de sardinha tendo por base um plano de gestão, que levou, por exemplo, a uma redução de 90% da mortalidade por pesca nos últimos oito anos. “A recuperação observada assentou em parte na grande redução do esforço de pesca que tem lugar desde 2012 e se acentuou a partir de 2014, e no conjunto de medidas de gestão decididas pelos dois governos”, notou o IPMA.
O instituto disse ainda que, apesar da campanha acústica espanhola da Primavera não se ter realizado devido à pandemia de covid-19, o processo pode continuar a decorrer, utilizando a campanha acústica portuguesa e a colaboração dos investigadores do IPMA e do Instituto Espanhol de Oceanografia.
“É importante assinalar o facto de o elevado recrutamento de 2019 ter sido gerado por uma biomassa desovante reduzida. Esta situação não é inédita na história do recurso (ocorreu em 1999-2000) e parece indicar que os factores ambientais terão sido determinantes no sucesso do recrutamento”, destacou-se ainda.
O IPMA adiantou também que está a estudar se as condições ambientais podem ser a causa de este ano ser a excepção em relação à década anterior ou se, por outro lado, foi resultado da maior população reprodutora devido à redução das pescas ou ainda uma combinação dos dois factores.
Os pescadores voltaram a poder capturar sardinha em Junho e até 31 de Julho, com limites diários e semanais, segundo um despacho publicado em Diário da República. A captura de sardinhas estava proibida desde 12 de Outubro.
De acordo com o diploma, assinado pelo secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, e publicado em 22 de Maio, a decisão foi tomada depois de “ponderados os contributos das partes interessadas representadas” na Comissão de Acompanhamento da Sardinha.
Apesar desta autorização, não é permitido, em cada dia, descarregar e/ou colocar à venda sardinha além dos limites definidos para as embarcações, consoante o comprimento de fora a fora, que podem incluir “um máximo de 540 quilos (24 cabazes) de sardinha calibrada como T4, independentemente da existência de outras classes de tamanho”.
Além dos limites diários, por cada semana, não é permitido descarregar e/ou colocar à venda uma quantidade de sardinha superior ao correspondente número de dias de pesca, entendendo-se por dia de pesca cada período de 24 horas.
No ano passado, a pesca da sardinha foi retomada a 3 de Junho, também com medidas de gestão e limites de captura definidos, depois de ter estado parada desde meados de Setembro de 2018.