Portugal com stock e acesso imediato a medicamento remdesivir, garante Infarmed
O laboratório titular do medicamento confirmou ao Infarmed que não deverá existir “qualquer constrangimento no acesso ao tratamento”.
O Infarmed assegurou esta quarta-feira que Portugal tem stock disponível e reserva para uso imediato do medicamento remdesivir, que tem sido usado contra a covid-19, e que o laboratório não antecipa constrangimentos no seu acesso aos doentes portugueses.
“Podemos informar que existe stock disponível do medicamento remdesivir, de acordo com as alocações que têm vindo a ser feitas ao nosso país, constituindo uma primeira reserva que garante o acesso imediato ao medicamento”, destacou, em comunicado, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde.
O Infarmed revelou ainda que, após contacto com o laboratório titular do medicamento remdesivir, este confirmou que “antecipa que não venha a existir qualquer constrangimento no acesso ao tratamento por parte dos doentes portugueses, tendo a garantia de acompanhamento conjunto da situação”.
A autoridade para o medicamento em Portugal explica que o remdesivir obteve um parecer positivo do Comité de Medicamentos de Uso Humano (CHMP) da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), “cuja autorização deverá ser concedida em breve pela Comissão Europeia”.
O parecer emitido tem a indicação terapêutica para o tratamento da covid-19 em adultos e adolescentes a partir dos 12 anos com pneumonia e que requerem oxigénio suplementar, acrescenta. “Esta autorização será condicional por ainda se aguardarem resultados confirmatórios”, sublinha o comunicado.
A nota realça ainda que este medicamento “esteve sempre disponível em Portugal, mesmo antes de ter a referida autorização condicional, através de pedidos de Autorização de Utilização Excepcional, assim os médicos assistentes o entendessem”. E garante que “todos os pedidos de acesso ao medicamento pelos hospitais nacionais foram concedidos”.
A Comissão Europeia está, por sua vez, a negociar com a empresa produtora a compra e reserva do medicamento remdesivir. “A comissária Kyriakides (Stella Kyriakides, da área da Saúde e Segurança dos Alimentos) tem estado em múltiplas conversações com o produtor, Gilead, incluindo em relação à sua capacidade de produção. A Comissão está actualmente também em negociações com a Gilead para reservar doses de remdesivir. Dada a confidencialidade destas conversações, não podemos partilhar mais detalhes neste momento”, disse à Lusa Stefan de Keersmaecker, porta-voz da Comissão Europeia, responsável pelo tema de saúde pública.
A informação surge a propósito do anúncio dos Estados Unidos de que compraram à empresa Gilead Sciences praticamente toda a reserva para três meses do medicamento remdesivir, o primeiro aprovado no país no tratamento de covid-19.
Em comunicado, o departamento de saúde norte-americano disse que “assegurou mais de 500 mil ciclos de tratamento do medicamento para hospitais americanos até Setembro”, o que equivale a “100% da produção prevista da Gilead para Julho (94.200 ciclos), 90% da produção em Agosto (174.900 ciclos) e 90% da produção em Setembro (232.800 ciclos), além de uma verba para ensaios clínicos”.