No Bando, a caminhada dos migrantes é também a nossa

Miguel Jesus volta a fazer teatro com as palavras de Hélia Correia. Até 19 de Julho, em Palmela, Antes do Mar coloca em cena um grupo de migrantes numa caminhada cada vez mais próxima do público.

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Rita Santana

Desde que se enredou nas palavras de Hélia Correia em Um Bailarino na Batalha (2018), o encenador Miguel Jesus soube que teria de levar aquele texto para o teatro, em concreto para o teatro de intensa sugestão simbólica e poética do grupo O Bando. Aqueles corpos “pesados como pedras, no entanto velozes como pedras”, pertencentes aos “últimos errantes”, conforme escreve a autora, caminhando e embatendo uns nos outros “na coreografia da matilha”, começaram a rogar-lhe uma vida para além das páginas do romance. Miguel Jesus acabou por arquivar essa ideia nos projectos futuros, para daqui a dois ou três anos, não só porque não queria ultrapassar uma mão-cheia de propostas anteriores como lhe interessava escavar um fosso maior entre esta abordagem ao universo literário de Hélia Correia e aquela que dirigira em 2017, na adaptação de Adoecer.

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