Facebook desvaloriza 60 mil milhões de dólares devido a boicote de anunciantes
Entre as empresas que vão retirar os seus anúncios da plataforma contam-se a Starbucks, a Pepsi e a Coca-Cola. Pedem mais acção contra a desinformação e o discurso de ódio na rede social.
Starbucks, Pepsi e Adidas. Estes são apenas três dos grandes anunciantes que retiraram os seus anúncios do Facebook ao longo dos últimos dias. As consequências foram rápidas a fazer-se sentir: as acções do Facebook caíram 1% na manhã desta segunda-feira, depois de uma queda de 8,3% na sexta-feira. São quase 60 mil milhões em valor de mercado, de acordo com a Business Insider.
Os anunciantes começam a voltar as costas ao Facebook, numa altura em que se discute a necessidade de uma acção mais musculada por parte da rede social para combater a desinformação e o discurso de ódio. A plataforma, que soma mais de oito milhões de anunciantes, acaba de perder alguns grandes nomes, como Starbucks, Pepsi, Coca-Cola, Unilever, Ford, Adidas e HP. Algumas destas empresas retiraram também os seus anúncios de outras plataformas.
Apesar de ter um grande número de anunciantes, a maioria deles são pequenas e médias empresas, que investem muito menos do que as marcas que boicotam agora o Facebook. A “boa” notícia para a empresa de Mark Zuckerberg é que a maioria destas empresas vai boicotar os anúncios durante apenas um mês, ao longo de Julho.
Estas notícias fizeram tremer o mercado e, depois de dois dias em queda, estima-se que a rede social tenha perdido 60 mil milhões de dólares em valor de mercado (cerca de 53 mil milhões de euros).
Facebook não tem código moral?
As perdas são negativas, mas, no entender de Daniel Salmon, analista da CMO Capital Markets que falou à Business Insider, o boicote não vai afectar de forma significativa as receitas do Facebook. O maior impacto financeiro poderá nascer da maior pressão para melhorar a segurança ao longo dos próximos anos.
Já David Cumming, da Aviva Investors, não tem uma visão tão optimista e acredita que o boicote poderá prejudicar a rede social de Mark Zuckerberg. A perda de confiança e a percepção de que o Facebook não se rege por um “código moral” poderá destruir o negócio, disse à BBC, na segunda-feira.
As empresas começam a pedir mais ao Facebook: querem uma resposta melhor à desinformação e ao discurso de ódio. A plataforma mostra querer dar passos nessa direcção, mas, no entender destes anunciantes, ainda é pouco. Por exemplo, na sexta-feira, a rede social de Mark Zuckerberg fez saber que iria começar a classificar publicações de políticos que violem as regras da plataforma, especialmente as que patrocinem notícias falsas.
Uma posição em tudo semelhante à do Twitter, que começou a identificar as publicações de desinformação (com um alvo claro, Donald Trump) e à do Reddit, que na segunda-feira fechou o fórum “The_Donald” de apoio ao Presidente norte-americano devido a denúncias de discurso de ódio e assédio.