François Fillon condenado a dois anos de prisão efectiva por criar falso emprego para a mulher
Foi candidato nas presidenciais francesas de 2017 e foi sentenciado a cinco anos de prisão, três deles de pena suspensa, a pagar 375 mil euros de multa e proibido de se candidatar a um cargo público durante dez anos.
O ex-primeiro-ministro francês François Fillon e a sua mulher, Penélope, foram esta segunda-feira condenados por terem participado num esquema de emprego fictício, com o político a ser sentenciado a cinco anos de prisão, três suspensos e dois efectivos, e a pagar uma multa de 375 mil euros. Foi ainda proibido de se candidatar a cargos públicos nos próximos dez anos. O seu advogado disse que vai recorrer.
O antigo candidato nas presidenciais de 2017, hoje com 66 anos, criou um falso emprego de assistente parlamentar para a mulher quando era deputado na Assembleia Nacional. Penélope recebeu mais de um milhão de euros dos contribuintes durante vários anos e foi condenada a três anos de pena suspensa e multada também em 375 mil euros.
“Os contratos da senhora Fillon não seguem nenhuma lógica, nem em termos de valor de remuneração nem em termos de funções efectivamente realizadas por outros funcionários”, disse a presidente do colectivo de juízes. “A senhora Fillon foi contratada para um cargo sem utilidade”, continuou, lendo o acordão que diz que “nada poderia justificar a remuneração”.
O julgamento tinha começado em Fevereiro e a acusação pedia cinco anos de prisão, multa de 350 mil euros e dez anos de proibição de cargos públicos, alegando que Fillon foi movido pela “ganância” e pelo “cinismo”. É que enquanto o crime decorria, Fillon apelava a cortes orçamentais por o erário público não suportar as despesas.
Entre 2002 e 2007, Marc Joulaud, substituto de Fillon na Assembleia Nacional, ocupou o cargo de deputado e contratou Penélope para o cargo de assistente parlamentar, participando no esquema de emprego fictício. Foi também condenado a três anos de pensa suspensa e a pagar 350 mil euros de multa. As multas decretadas perfazem mais de um milhão de euros e têm como objectivo devolver a quantia desviada.
A decisão judicial foi mal acolhida pelos advogados de defesa. O advogado de François Fillon, Antonin Lévy, criticou-a dizendo que “não é justa” e que vai recorrer, o que deixa o antigo primeiro-ministro em liberdade até à decisão do recurso.
François Fillon foi primeiro-ministro do Presidente Nicolas Sarkozy, entre 2007 e 2012, e, nas presidenciais de 2017, foi o candidato pelo partido de centro-direita União para o Movimento Popular (agora Os Republicanos). Representou a esperança deste quadrante político contra Emmanuel Macron, do República em Marcha. Mas o escândalo do emprego fictício da mulher, divulgado pelo semanário Le Canard Enchaine, foi um terramoto político. Fillon insistiu em manter-se na corrida, mas não passou da primeira volta.
Nos últimos três anos, Fillon, que detinha uma imagem de político austero, manteve ser inocente dizendo que a mulher geria o seu círculo eleitoral, o correio e que editava os seus discursos, considerando-a o membro mais importante da sua equipa. “Vou apresentar provas durante o julgamento”, disse em Fevereiro deste ano à ao canal de televisão France 2.