Obras na Avenida Lourenço Peixinho em Aveiro preocupam lojistas e proprietários

Depois de dois meses de fecho, motivados pela pandemia, os comerciantes vão agora enfrentar mais de um ano de obras. Presidente da câmara garante que será “compatibilizada a empreitada com a vida na avenida”.

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“Ainda estamos a tentar reconquistar os clientes, após dois meses de fecho, e agora vêm as obras”. Alda Rocha Vieira é uma das várias comerciantes da Avenida Dr. Lourenço Peixinho, em Aveiro, que tem receio dos impactos negativos de uma obra que está prestes a avançar no terreno, com os negócios ainda a recuperar de uma crise que ninguém esperava. “Deviam esperar pelo menos meio ano”, defende a comerciante, que não contesta a obra de requalificação mas sim o timing da sua realização. E não é a única, tendo em conta as várias posições que têm sido conhecidas na cidade. O presidente da câmara municipal, Ribau Esteves, garante que a obra será “compatibilizada com a vida na avenida”, mantendo a “circulação pedonal, automóvel e linhas de transportes públicos nos dois sentidos”, mas isso não tem sido suficiente para afastar os receios.

Há, inclusive, um documento que junta proprietários, arrendatários e funcionários de espaços comerciais e de serviços localizados na avenida e nas ruas adjacentes – são já cerca de 200 assinaturas – a defender o “adiamento da obra”. Uma empreitada que pode vir a determinar “o encerramento de muitos negócios, pois as respectivas tesourarias já estão estranguladas com a crise iniciada há três meses”. 

Proprietários, lojistas e trabalhadores lamentam ainda o facto de desconhecerem, em absoluto, “o cronograma e o faseamento da obra”, “as medidas que irão ser postas em prática para não prejudicar os acessos aos edifícios, especialmente às pessoas com mobilidade reduzida” e “a forma como irá ser garantido o estacionamento de viaturas próprias e de veículos de transporte de doentes que se deslocam a consultórios médicos”.

“A todas estas questões soma-se ainda a incerteza natural quanto ao tempo de duração da obra, normal em obras públicas”, acrescenta, ainda, o grupo que está à espera de reunir com o presidente da câmara desde 17 de Maio, mas ainda sem resposta.

Também a oposição tem vindo a insistir no adiamento. “Para não perturbar (ainda) mais a recuperação económica do comércio local, para dar tempo a que as famílias, os gestores e colaboradores das micro e pequenas empresas retomem, no meio da incerteza do tempo que vivemos, paulatinamente a confiança e recuperem minimamente a saúde financeira”, justificou o PS, numa nota enviada à comunicação social.

Posição que viria a ser reiterada, na passada semana, pelo deputado à Assembleia da República, Filipe Neto Brandão, na sua página de Facebook: “num momento em que vivemos uma crise profunda - e que o Banco Central Europeu alerta que se vai agravar até final do ano (leia-se, vai piorar, antes de melhorar) - seria bom que os nossos autarcas, sempre tão lestos a lançar obra [...] atentassem que, para um tecido comercial conjunturalmente muito debilitado e frágil, quaisquer constrangimentos de uma obra na via pública podem significar uma sentença de morte para os estabelecimentos por ela afectados”, escreveu o também deputado municipal.

Autarca garante “compatibilização”

Ribau Esteves assegura que o planeamento e preparação que estão a ser feitos com o empreiteiro têm em vista a “compatibilização” dos trabalhos com a manutenção da circulação e da vida na avenida. A execução será feita por troços com várias “acções de mitigação, marketing de obra e da própria avenida”, assegurou, prometendo ter um canal de comunicação directo com os lojistas, no sentido de os informar sobre a programação e “os vários passos que a obra vai ter nos seus 16 meses de execução”.

No entender do líder da autarquia, esta intervenção é fundamental para o futuro da avenida, para “dezenas de natais e dezenas de verões”. “Com covid ou sem covid queremos fazer esta obra e bem, cumprindo o compromisso para com os nossos cidadãos”, frisou. “São cerca de 4 milhões de investimento, que permitirão haver luz à noite, duplicar os passeios, aumentar quase para o dobro o número das árvores e limitar a velocidade a 30 km/hora para dar uma predominância ao uso pedonal e ciclável”, argumenta Ribau Esteves.

A empreitada já obteve visto do Tribunal de Contas, faltando agora encerrar o processo de programação da obra para que os trabalhos possam avançar. Algo que deverá acontecer nas próximas semanas.

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