Covid-19: assintomáticos também contaminam o ambiente

Trabalho destaca-se a importância de limpar as áreas ocupadas pelos doentes com covid-19, mesmo que estejam em salas com pressão negativa.

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Coronavírus SARS-CoV-2 NIAID

Até os assintomáticos com covid-19 podem contaminar o ambiente à sua volta e contagiar as pessoas com quem entram em contacto, segundo um estudo publicado esta quarta-feira na revista mSphere, da Sociedade Americana para a Microbiologia.

No estudo, realizado junto de doentes na China, destaca-se a importância de limpar as áreas ocupadas pelos doentes com covid-19, mesmo que estejam internados em salas com pressão negativa, que permitem a entrada de ar, mas obrigam o ar que sai a passar primeiro por um filtro.

Os investigadores afirmam que o isolamento de infectados com covid-19 assintomáticos coloca riscos para os seus familiares e defendem que estariam melhores em hospitais de acolhimento, salientando que o meio em que estão tem de ser rigorosamente limpo.

“A colocação de doentes com covid-19 em salas de pressão negativa pode transmitir uma falsa sensação de segurança, pelo que se deve fazer uma limpeza rigorosa do ambiente”, escreve o principal autor do estudo, Zhiyong Zong, investigador no Departamento de Controlo de Infecções do Hospital da China Ocidental e da Universidade de Sichuan.

O coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, pode infectar através de materiais ou objectos como roupa ou mobiliário, mas há poucos estudos sobre contaminação ambiental em torno de pacientes com a doença.

No novo estudo, os investigadores recolheram amostras do ambiente e do ar em seis salas de internamento com pressão negativa em que estavam 13 doentes confirmados com casos ligeiros de covid-19 que tinham sido transferidos de uma enfermaria de isolamento em Chengdu, na China.

No estudo analisaram-se também dois casos assintomáticos, recolhendo amostras das camas, manípulos das portas dos quartos e das casas de banho, interruptores de luz, sanitas, mesas-de-cabeceira, lençóis, almofadas, do chão e do ar. Os investigadores encontraram o novo coronavírus em 44 de 112 amostras de superfícies, uma percentagem de 39,3%, enquanto todas as amostras de ar deram negativo.

“As conclusões do estudo sugerem que o ambiente em torno dos doentes estava largamente contaminado”, afirma Zhiyong Zong, citado em comunicado da Sociedade Americana para a Microbiologia. “Num quarto individual com um doente assintomático, deram positivo quatro locais, incluindo a cama, a almofada, o lençol e a saída de ar. Isto ilustra que os doentes assintomáticos com covid-19 podem contaminar o meio em que estão e expor ao SARS-CoV-2 as pessoas com quem entram em contacto directo, como os seus familiares e os profissionais de saúde”, acrescenta.

Desde que o novo coronavírus foi detectado no final de Dezembro em Wuhan, uma cidade do centro da China, a doença que provoca já matou mais de 477 mil pessoas e infectou mais de 9,2 milhões em todo o mundo. Em Portugal, morreram 1543 pessoas das 40.104 confirmadas como infectadas, de acordo com o boletim desta quarta-feira da Direcção-Geral da Saúde.