Morreu Joel Schumacher, o homem que pôs mamilos no Batman

O realizador de O Primeiro Ano do Resto das Nossas Vidas, Os Rapazes da Noite e dois Batman estava no activo desde o início da década de 1970.

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Joel Schumacher, que morreu esta segunda-feira aos 80 anos, em 2011 Reuters/ALESSANDRO BIANCHI

Joel Schumacher, que trabalhava no cinema desde o início dos anos 1970, primeiro como figurinista e depois como argumentista e realizador, morreu na manhã desta segunda-feira, aos 80 anos, vítima de um cancro com o qual lutava há um ano. A notícia foi dada pelos responsáveis da comunicação de Schumacher a vários órgãos de comunicação norte-americanos, tais como a Variety.

Nascido em Nova Iorque em 1939, Schumacher estudou design de interiores e, logo na faculdade, teve sucesso como decorador das montras da loja de acessórios Henri Bendel. No cinema, teve carreira longa e variada recheada de sucessos de bilheteira, mesmo que não tenha conseguido o respeito da crítica. Antes de se estrear na realização de cinema com Queridos, a mamã encolheu, de 1981 — já tinha realizado um telefilme em 1974 —, escreveu filmes como Car Wash, de Michael Schultz, com Richard Pryor e Franklyn Ajaye, e O Feiticeiro, a versão de Sidney Lumet de O Feiticeiro de Oz com Diana Ross e Michael Jackson, tudo filmes com actores afro-americanos como protagonistas. Ainda antes disso, trabalhou como figurinista em filmes de Frank Perry, Paul Mazursky, Herbert Ross e, posteriormente, Woody Allen.

Como realizador, foi responsável, ao todo, por 25 longas metragens. Entre elas contam-se títulos como O Primeiro Ano do Resto das Nossas Vidas, de 1985, Os Rapazes da Noite, de 1987, Batman Para Sempre, de 1995 e Batman & Robin, de 1997, que, para o bem e para o mal, marcaram as respectivas épocas, com todos os seus excessos estéticos. O seu terceiro filme, O Primeiro Ano do Resto das Nossas Vidas, que lhe deu sucesso, foi um dos filmes que mostraram ao mundo o chamado Brat Pack, o nome — que Schumacher não apreciava — dado a um conjunto de actores desse e de outro filme de 1985, O Clube, estrelas como Demi Moore, Rob Lowe, Ally Sheedy, Judd Nelson ou Emilio Estevez, entre outros. Os Rapazes da Noite, uma comédia de terror adolescente, tinha o saxofonista Tim Cappelo em tronco nu a cantar uma canção. Os Batman de Schumacher, tanto o primeiro, com Val Kilmer, quanto o segundo, com George Clooney, tinham fatos com mamilos, uma decisão conscientemente camp do realizador — apesar de Clooney ter dito em entrevistas que interpretou a personagem como sendo gay, Schumacher, um homem gay, afirmava não ter dado ao filme um subtexto homoerótico.

Ainda na década de 1990, o realizador fez Linha Mortal, com Kiefer Sutherland, Julia Roberts e Kevin Bacon, Um Dia de Raiva, em que um homem de classe média recém-divorciado e despedido interpretado por Michael Douglas passa um dia a andar a pé pela cidade de Los Angeles para chegar a tempo ao aniversário da filha, que foi bastante mais bem recebido pela crítica do que era normal na sua obra, 8mm, com Nicolas Cage, ou O Destino de um Ex-Combatente, com Robert De Niro e Philip Seymour Hoffman. Fez também duas adaptações de John Grisham, O Cliente, em 1994, e Tempo de Matar, em 1996, que deu a Matthew McConaughey um dos seus primeiros grandes papéis. Sempre dado a descobrir novos talentos, na década seguinte fez o mesmo com Colin Farrell, em Tigerland e Cabine Telefónica, tendo também realizado uma adaptação de O Fantasma da Ópera nomeada para três Óscares.

Uma figura colorida, Shumacher foi entrevistado no ano passado pela revista New York, numa conversa recheada de histórias sobre a sua carreira. Nessa conversa cruzaram-se temas como Woody Allen e várias outras figuras que fizeram parte da sua vida, as suas experiências sexuais (alegou ter tido mais de 10 mil parceiros ao longo da vida) e com álcool e drogas (terá começado, dizia, a beber aos 9 anos de idade e a fumar aos dez), bem como não se lembrar do que se passou na sua vida nos cinco anos entre 1965 e 1970.

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