Costa: “Ou ficamos fechados em casa ou para sairmos temos que cumprir as regras”

O primeiro-ministro admite dar passos atrás no desconfinamento, mas acredita que é possível controlar a infecção, se os cidadãos cumprirem as regras.

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António Costa Daniel Rocha/Arquivo

O primeiro-ministro garantiu no sábado que se for preciso dar passos atrás no desconfinamento o fará, mas prefere controlar a situação, considerando que a melhor forma de solidariedade e de retoma é todos cumprirem as regras.

À chegada para um concerto no Teatro São Luiz, em Lisboa, António Costa foi questionado sobre a possibilidade de vir a decidir dar passos atrás no desconfinamento devido aos números de novos casos de covid-19.

“Se for necessário dar, daremos os passos atrás que forem necessários dar. Agora, eu acho que o que temos que ver é como é que podemos evitar os passos atrás, controlando a situação”, afirmou.

E continuou: “A melhor forma de sermos solidários é todos cumprirmos as regras”. “Se todos cumprirmos as regras, nós podemos ir recuperando a nossa liberdade e esse é o percurso que nós temos que seguir porque não é só a perda da liberdade, é a perda da liberdade, é a destruição de rendimentos, de empregos, de actividades”, avisou.

Costa diz que “todos sabíamos” que “se aumentássemos o desconfinamento o risco de contágio aumentaria”. “Aquilo que nós temos vindo a verificar é que a taxa de contágio tem-se mantido essencialmente estável”, referiu.

Aquilo que acontece, segundo o chefe do executivo, é “um crescimento muito localizado à volta da cidade de Lisboa e em alguns concelhos e em algumas freguesias desses concelhos”, ou seja, “focos bastante localizados”. “Festas como a de Lagos, falta de cuidado como aconteceu naquele lar, ajuntamentos como ontem [sábado] aconteceram na praia de Carcavelos ou nas docas em Lisboa, isso são obviamente comportamentos que se podem dar mau resultado”, avisou.

Como o “vírus vai continuar a andar por aí e por aí andará até haver vacina”, António Costa foi peremptório: “Ou ficamos fechados em casa ou para sairmos temos que cumprir as regras”.

“Caso contrário, as empresas fecham, as actividades fecham, os empregos são postos em causa e os rendimentos perdem-se. Temos que tratar da saúde – da nossa e de todos aqueles que nos rodeiam – mas temos que tratar de criar as condições para que a normalidade da vida possa regressar, os empregos possam ser mantidos, os rendimentos possam ser recuperados e, para que isso aconteça, é fundamental ninguém relaxar”, avisou.

Fim do estado de calamidade?

O primeiro-ministro já tinha apontado 1 de Julho como a data provável de passagem do estado de calamidade para o estado de contingência. Questionado no sábado sobre se há condições para não renovar a situação de calamidade, lembrou que o Governo tem adoptado uma metodologia que considera “fundamental manter”: “Antes de tomar a decisão, procedemos sempre a uma audição dos peritos no Infarmed e, é em função dessa avaliação que nós tomamos decisões, não é com base na inspiração do momento”.

O chefe do executivo gostaria de não ter de “dar nenhum passo atrás e, pelo contrário, poder continuar a dar passos em frente”. “Agora isso tudo depende muito. Depende sobretudo do comportamento individual de cada um de nós”, advertiu.

Portugal contabiliza, segundo os dados divulgados no sábado pela Direcção-Geral da Saúde, pelo menos 1.528 mortos (mais um do que na sexta-feira) associados à covid-19 em 38.841 casos confirmados de infecção (mais 377).

Lisboa e Vale do Tejo registou 74,8% dos novos casos de covid-19, concentrando 282 das 377 novas infecções.