Soldados indianos mortos em confrontos com a China na fronteira dos Himalaias

Desde 1975 que não se registavam mortes na região fronteiriça disputada pelos dois países. Tensão subiu nas últimas semanas, apesar de Nova Deli e Pequim terem reafirmado o compromisso de resolver o conflito pacificamente.

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Sala usada habitualmente para reuniões entre representantes de China e Índia para discutir as questões fronteiriças ADNAN ABIDI/Reuters

Pelo menos 20 soldados indianos morreram na sequência de confrontos com tropas chinesas na fronteira contestada entre os dois países nos Himalaias, anunciou o Exército indiano esta terça-feira. Estas são as primeiras mortes na área disputada entre as duas potências asiáticas nos últimos 45 anos.

Inicialmente, as autoridades indianas avançaram com três mortos. No entanto, ao final da tarde desta terça-feira, referiram que outros 17 soldados não resistiram aos ferimentos, depois de terem sido expostos a temperaturas negativas. 

Segundo o comunicado revelado pelas autoridades de Nova Deli, citado pelo The Guardian, os “confrontos violentos” na região de Ladakh, na Caxemira disputada, ocorreram na noite de segunda-feira e causaram baixas nos dois lados.

No entanto, até ao momento, Pequim ainda não confirmou a morte de qualquer soldado do seu lado, apesar de o editor do Global Times, Hu Xijin, ter admito a existência de vítimas, sem especificar, contudo, se foram vítimas mortais. Já o Times of India, que cita fontes anónimas próximas do Governo indiano, afirma que existem 43 vitimas do lado chinês, incluindo mortos e feridos graves. 

Em comunicado, o Exército indiano refere que “altos oficiais militares dos dois lados estão reunidos para amenizar a situação”, garantindo que estão “firmemente comprometidos na protecção da integridade territorial e na soberania” da Índia.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, acusa a Índia de ter ultrapassado ilegalmente a fronteira e de “provocar e atacar” oficiais chineses, levando a “confrontos físicos entre as forças fronteiriças dos dois lados”.

Tanto a China como a Índia garantem que não foi disparado qualquer tiro. Segundo a BBC, que cita os media indianos, os soldados indianos terão sido espancados até à morte, uma informação que não foi confirmada oficialmente pelo Exército. 

As duas potências nucleares asiáticas fazem reivindicações distintas quanto à vasta área do território ao longo da fronteira montanhosa de 3500 quilómetros, no entanto, desde a sangrenta guerra que travaram em 1962, as disputas têm sido relativamente pacíficas, pautadas por alguns momentos de maior tensão, mas não se registavam mortes desde 1975.

Nas últimas semanas, Índia e China têm estado num impasse no vale de Galwan, no Oeste dos Himalaias, trocando acusações. Para evitar a escalada do conflito, os soldados indianos e chineses não costumam andar armados durante as patrulhas fronteiriças. Contudo, nas últimas semanas, os dois lados envolveram-se em rixas, com recurso a pedras e paus e começaram a mobilizar o seu poder militar.

Em Maio, a Índia acusou a China de entrar na área controlada pelos soldados indianos e de ter montado dezenas de tendas e postos de controlo, ignorando os avisos de Nova Deli.

Por seu turno, a China acusa a Índia de ter construído uma estrada numa área remota de Ladakh, de forma a aumentar a capacidade de mobilizar rapidamente soldados e material bélico em caso de conflito.

Na semana passada, militares dos dois países encontraram-se na região disputada de Ladakh e, no final do encontro, garantiram que os dois lados concordaram na necessidade de respeitar os acordos bilaterais no sentido de resolver o conflito pacificamente. No entanto, os confrontos de segunda-feira à noite podem pôr em causa o aliviar da tensão anunciado anteriormente.

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