Covid-19: mais 346 casos confirmados, a pior segunda-feira desde 20 de Abril
Por norma, as segundas-feiras são dias com números mais baixos de novos casos. Portugal regista, nesta segunda-feira, mais três mortes por covid-19.
Portugal regista, nesta segunda-feira, mais três mortes por covid-19, um aumento de 0,19% face aos números de domingo. No total, desde Março, somam-se 1520 mortes em Portugal.
Houve ainda um aumento de 346 casos positivos nas últimas 24 horas – uma taxa de crescimento de 0,94%, a mais alta desde quinta-feira. Este é o maior número de novos casos registado a uma segunda-feira desde o dia 20 de Abril. Por norma, as segundas-feiras são dias com números mais baixos de novos casos, tanto pelo menor número de testes feitos ao longo do fim-de-semana, quanto pelos potenciais atrasos na comunicação dos novos casos positivos. O Governo não revelou, em conferência de imprensa, quantos testes foram realizados no fim-de-semana.
O número de casos positivos confirmados cifra-se, agora, nos 37.036, de acordo com os dados do boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde desta segunda-feira.
Desses, 300 novos casos aconteceram na região de Lisboa e Vale do Tejo, região que soma 87% dos novos casos confirmados nas últimas horas. O Norte soma 19 novos casos, o Centro 18, o Alentejo cinco e o Algarve quatro.
Sabe-se, ainda, que há 431 pessoas internadas nesta segunda-feira (mais 12 pessoas internadas do que no domingo), 73 delas nos cuidados intensivos. Há, agora, 22.852 recuperados, mais 183 casos do que no domingo.
A ministra da Saúde, Marta Temido, indicou nesta segunda-feira, na conferência diária sobre a situação epidemiológica no país (que passará a acontecer apenas três vezes por semana), que a taxa de letalidade global da doença é de 4,2%. Acima dos 70 anos, a taxa de letalidade sobe para 17,3%. Marta Temido indicou que a média de óbitos na semana passada foi de 5,4, um número inferior ao das duas semanas anteriores. A média foi de dez óbitos na penúltima semana e 12 na antepenúltima.
Rt “ligeiramente abaixo de um”
O alerta foi deixado na conferência de imprensa da ministra e da directora-geral da Saúde: o desconfinamento traz consigo um “risco de ressurgimento da doença e uma ligeira subida da transmissão”, como se viu a acontecer noutros países. E Portugal poderá não ser excepção.
O Rt, indicador que mede o número de contágios médio de um infectado, está agora “ligeiramente abaixo de um”. No caso de Lisboa e Vale do Tejo, com vários focos activos, esteve, nos últimos cinco dias e até ao dia 11 de Junho, em 0,97. Mas, “com as medidas de desconfinamento, este valor poderá ficar um pouco acima”, admite Marta Temido.
Por isso, é necessário garantir a protecção dos mais frágeis e garantir a capacidade de resposta por parte do Serviço Nacional de Saúde. E sobre este último ponto, o Governo está preocupado com a chegada do Inverno e a possibilidade de uma sobreposição entre a gripe sazonal e a covid-19, numa altura em que, possivelmente, ainda não existirá nenhuma vacina para segunda.
Portugal já realizou um milhão de testes
O país atingiu, no domingo, um total de um milhão de testes à covid-19 realizados, o que “coloca Portugal entre os primeiros em número de testes realizados”, segundo a ministra da Saúde. Do total dos testes, 6,5% tiveram resultado positivo. Deste número, 45,2% foram feitos no sector público, 39,3% no privado e 15,7% em “outros” (em que se inclui, por exemplo, a academia). O SNS continua a recorrer ao privado para um número significativo de testes.
Quanto ao custo dos testes no privado, “o valor ainda não está fechado, rondava os 80 euros”, esclareceu.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo foram realizados, em média, 4600 testes em Maio e Junho (mais mil testes face a Abril).
Devido à operação de rastreio na região de Lisboa, foi realizado um total de 14.117 testes entre 30 de Maio e 6 de Junho. Desses, 731 (5,1%) tiveram resultado positivo. Marta Temido voltou a reforçar que os números de Lisboa se devem ao rastreio intensivo feito na região.
Novas medidas restritivas não estão descartadas
A ministra da Saúde apelou à população para não relaxar. “Até que tenhamos ou vacina ou tratamento eficaz no combate à covid-19, teremos de manter as nossas vidas com um conjunto de regras específicas”, nomeadamente o uso de máscara, higienização de mãos, entre outras.
Apesar de Portugal se encontrar na última fase de desconfinamento, não descartou a hipótese de regressão das medidas implementadas: “Se durante vários dias o RT se mantiver acima de 1, se o número de óbitos voltar ao que tivemos no passado (várias dezenas) e se os serviços hospitalares e cuidados de saúde primários tiverem uma maior procura, podemos pensar em medidas de maior confinamento ou de aperto em determinadas áreas.” No entanto, afirmou que “não vale a pena aplicar medidas generalistas” porque os focos são “muito específicos”.