Líbano: segunda noite de protestos violentos devido a crise económica
Em Outubro passado começaram meses de manifestações diárias, motivadas pela grave crise económica e que terminou com o Governo de Saad Hariri.
O Líbano viveu uma segunda noite de protestos violentos devido à profunda crise económica, depois de a libra libanesa sofrer uma forte queda em relação ao dólar na quinta-feira apesar das medidas financeiras anunciadas na sexta-feira pelo Governo para equilibrar o câmbio.
Em Beirute, na noite de sexta-feira para sábado, os manifestantes queimaram pneus e cortaram estradas. Houve confrontos com as forças de segurança e pelo menos 11 pessoas ficaram feridas em duas partes da cidade, segundo a Cruz Vermelha Libanesa.
Os protestos, iniciados na quinta-feira após a taxa de câmbio do mercado negro subir acima de 5000 libras libanesas para um dólar, continuaram pela segunda noite consecutiva, apesar das medidas anunciadas na sexta-feira pelo primeiro-ministro, Hasan Diab, para enfrentar a situação.
O Banco Central injectará dólares no mercado de divisas na segunda-feira para reduzir a paridade para abaixo de 4000 libras para cada unidade da moeda dos Estados Unidos, enquanto uma célula de crise será formada para acompanhar a evolução financeira e monetária e tomar decisões.
Alguns manifestantes carregavam bandeiras do país e faixas nas quais continham frases contra o Governo como “Todas as pessoas estão com fome, vocês estão cegos e nada é suficiente para vos encher a barriga”, referindo-se à grave crise económica e ao aumento da inflacção.
“No nosso país há clientelismo, pobreza, alto índice de analfabetismo e desemprego, temos que lembrar que essas pessoas conseguem armas, ecstasy ou qualquer outro tipo de droga com muito mais facilidade do que conseguir dinheiro, comida ou um diploma”, denunciou, numa declarações à agência de notícias EFE, o manifestante Mohammad Draihi.
Draihi, que participou nos protestos na cidade de Trípoli, no Norte do país, disse que as medidas do Governo para impedir a depreciação da libra “não devem nem ser chamadas de decisões”. “Deixámos de acreditar neles há muito tempo”, concluiu.
Em Outubro passado começaram meses de manifestações diárias, motivadas pela grave crise económica e que terminou com o Governo de Saad Hariri.
Os bancos começaram a restringir a retirada de dólares no país, onde, desde 1997, a taxa de câmbio oficial e principal com o dólar é mantida numa faixa quase fixa entre 1507 e 1515. A 7 de Março, o Líbano declarou pela primeira vez que suspendia os pagamentos da dívida externa, pois não conseguiu pagar 1,2 mil milhões de dólares em eurobonds.