Beija-se a dois metros de distância, esconde-se o sorriso por detrás de máscaras
O desconfinamento, nas salas e estúdios onde se preparam as criações de teatro e de dança, avança ao ritmo da negociação com a proximidade entre os intérpretes. Beija-se a dois metros de distância, esconde-se o sorriso por detrás de máscaras.
As personagens que Anton Tchékhov criou nas suas quatro peças fundamentais — A Gaivota, As Três Irmãs, O Ginjal e Tio Vânia — estão habituadas à vida em confinamento. Estão fechadas em propriedades rurais, entediadas, à espera que algo aconteça, preenchendo o vazio com dissertações filosóficas sobre o futuro, a mudança que querem empreender às suas vidas, o que projectam para os anos vindouros, a insatisfação aguda com o presente. Aquilo a que não estão acostumadas é terem de beijar-se a dois metros de distância, esconder o sorriso por detrás de máscaras cirúrgicas, evitar o toque quando se consolam e de desinfectar o palco em permanência.
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